Inquérito concluído

Foragido de ‘saidinha’ atirou em sargento para não voltar para a cadeia, diz delegada

Criminoso foi transferido para o Ceresp Gameleira na última sexta-feira (12)

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
15/01/2024 às 12:08.
Atualizado em 15/01/2024 às 17:08
 (Reprodução / Redes Sociais)

(Reprodução / Redes Sociais)

O homem de 25 anos que matou o sargento Roger Dias da Cunha, de 29, e foi indiciado pela Polícia Civil (PC) por homicídio quadruplamente qualificado confessou que cometeu o crime para não voltar para a cadeia, conforme explicou a delegada Ariadne Coelho, durante coletiva nesta segunda-feira (15).

“O investigado já indiciado, ele confessa o tempo todo. Em todas as entrevistas, em todas as oitivas realizadas com ele, ele confirma ter atirado porque não queria ser preso, não queria voltar para o sistema prisional. Ele demonstra estar aparentemente frio, são indivíduos de alta periculosidade e eles não demonstram nenhum arrependimento”, disse a policial.

Na noite dos crimes, em 5 de janeiro, dois homens foram abordados pelos militares após uma perseguição por roubo de um veículo. Segundo Ariadne Coelho, o atirador não demonstrou arrependimento.

"Em momento algum ele mostrou arrependimento em ter matado o militar. O criminoso foi indiciado por homicídio com motivo torpe, praticado contra agente da segurança pública, para assegurar a impunidade de outro crime, em razão da simulação que dificultou a defesa da vítima", detalhou, completando que o homem beneficiado com uma “saidinha” de Natal tem 18 passagens policiais. 

Ele também foi indiciado por tentativa de homicídio triplamente qualificado contra outro militar que participou da abordagem durante a fuga dos suspeitos. Vai responder ainda por desobediência, resistência e porte ilegal de arma de fogo. Além disso, está sendo investigado pelo roubo do veículo que resultou na perseguição.

O outro suspeito, de 33 anos, responderá por tentativa de homicídio triplamente qualificado contra cinco policiais.

Durante a coletiva, a delegada explicou ainda que as imagens que flagram o momento dos disparos contra o sargento Dias foram analisadas por equipes do Departamento de Homicídios e pela perícia do Instituto de Criminalística. 

“Nessas duas análises é possível visualizar com certa certeza que o sargento Dias o tempo todo emana para ele ordens de parada e ele não obedece em nenhum momento. Ele (criminoso) chega a levantar a mão esquerda, no sentido de se render, só que concomitantemente ele leva a mão a cintura, pega um revólver dentro da bermuda e já efetua um primeiro disparo em direção à cabeça do sargento”. 

O criminoso que matou o sargento foi transferido para o Ceresp Gameleira na última sexta-feira (12). O outro suspeito está internado no hospital Risoleta Neves, para tratar uma infecção provocada por mordidas de cachorros durante uma tentativa de fuga em uma mata. Segundo a delegada, ele negou que estivesse junto com o outro criminoso na hora do roubo do veículo e, ainda, que o conheça. A PC encontrou impressões digitais dele dentro do veículo roubado.

Além do indiciamento por tentativa de homicídio contra os policiais, o suspeito vai responder pela tentativa de homicídio doloso contra um motociclista, atingido pelo veículo roubado na noite de 5 de janeiro, quando os criminosos tentavam desviar de um bloqueio policial. Também deve responder por desobediência, resistência, tráfico de drogas, posse ilegal de arma. 

Relembre o caso

O sargento Roger Dias da Cunha participava de uma perseguição contra dois suspeitos de assalto na avenida Risoleta Neves, altura do bairro Novo Aarão Reis, na região Norte. O veículo em que os dois suspeitos estavam só parou quando bateu em um poste.

Após o acidente, os suspeitos desceram do carro e continuaram a fuga a pé. Um deles foi alcançado pelo sargento. Porém, no momento em que o policial dá ordem de parada, o criminoso saca uma arma e atira, atingindo cabeça e perna do agente de segurança. 

Roger Dias foi socorrido por colegas e levado para o Hospital Risoleta Neves, em Venda Nova. Em seguida, encaminhado para o João XXIII. Ele ficou internado em estado gravíssimo por três dias. Os projéteis estavam alojados no cérebro. A morte foi confirmada dois dias depois.

O suspeito de atirar no policial foi preso minutos depois. Já o segundo, de 33 anos, foi localizado escondido dentro de um chiqueiro. Os dois tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva em audiência de custódia.

O sepultamento ocorreu no último dia 9 em um jazigo de honra da Polícia Militar, no Bosque da Esperança, em BH. A família autorizou a doação dos órgãos do militar. 

O sargento Roger Dias era casado e deixa uma filha de cinco meses. Ele estava na Polícia Militar há cerca de 10 anos.

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