A França reconheceu nesta terça-feira a recém-criada Coligação Nacional da Síria como única autoridade legítima da Síria, em um anúncio feito em Paris pelo presidente François Hollande. A França é o primeiro país europeu e ocidental a reconhecer a Coligação, formada no domingo no Catar, como governo legítimo da Síria. O governo dos Estados Unidos reconheceu mais tarde nesta terça-feira a nova Coligação como um "representante legítimo" do povo sírio, mas não foi tão longe ao reconhecê-la governo no exílio, como a França e seis países árabes fizeram. Na segunda-feira, seis países árabes do Golfo Pérsico reconheceram a Coligação como governo legítimo sírio. Hollande também não descartou o envio de armas aos insurgentes que tentam derrubar o presidente sírio Bashar Assad. Os governos da Itália e Grã-Bretanha manifestaram apoio à Coligação Nacional da Síria, mas não a reconheceram como governo legítimo no exílio.
Enquanto isso, nesta terça-feira prosseguiam os combates entre as tropas leiais a Assad e os insurgentes. Combates que ocorreram perto de Dmaasco deixaram pelo menos 41 mortos, em grande parte civis, enquanto a Força Aérea da Síria voltou a bombardear a cidade de Ras al-Ain, um local estratégico na província de Al-Hasakah, fronteira com a Turquia. Segundo o Observatório Sírio pelos Direitos Humanos, grupo opositor sediado em Londres, os combates em Damasco ocorreram em Ghuta, subúrbio no leste da capital síria, e foram acompanhados por disparos de artilharia do exército sírio. Segundo o Observatório, a violência começou após os rebeldes terem atacado prédios do governo em Ghuta.
O exército também teria disparado contra outros subúrbios ao leste de Damasco, incluindo Harasta, e a cidade de Zabadani, perto da fronteira libanesa, matando sete civis, entre eles mulheres e crianças. O Observatório também afirmou que o exército voltou a bombardear o campo de refugiados palestinos de Yarmouk, perto da capital. Uma testemunha disse à agência France Presse A(FP) que o governo enviou à capital um número expressivo de soldados. O Observatório Sírio disse que no total foram mortas 62 pessoas ao redor da Síria nesta terça-feira - 28 civis, 11 soldados e 23 rebeldes.
"A França reconhece a Coligação Nacional da Síria como único corpo representativo do povo da Síria e em consequência como o futuro governo de uma Síria democrática", disse Hollande. Apoiada pelos Estados Unidos e pelo Conselho de Cooperação do Golfo, grupo de seis países árabes do Golfo Pérsico liderado pela Arábia, a oposição síria ficou reunida no Catar durante uma semana até chegar a um acordo no domingo para ser unificada na Coligação Nacional da Síria.
Apesar da unificação, a oposição síria ainda enfrenta vários desafios, entre eles o controle de várias milícias que combatem as tropas de Assad na Síria. Em algumas regiões controladas pelos rebeldes, principalmente nas províncias do norte da Síria, já ocorreram confrontos entre os insurgentes e entre insurgentes árabes e curdos.
As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
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