O papa Francisco anunciou nesta sexta-feira, 19, a criação de uma comissão formada por economistas, consultores e até um ex-ministro asiático para rever as práticas administrativas da Igreja. O pontífice quer ajuda para conter o desperdício de dinheiro no Vaticano, limpar as práticas financeiras, modernizar a administração e acabar com as suspeitas de corrupção nas licitações públicas da Santa Sé.
O anúncio, feito às vésperas de o papa embarcar para o Brasil na primeira viagem internacional no cargo, caiu como uma bomba entre os funcionários do Vaticano, que temem ver dezenas de serviços suprimidos e perder os empregos. Dos oito escolhidos para estudar quais medidas deverão ser adotadas, sete são economistas e leigos, entre eles o ex-chanceler asiático, representante de Cingapura, George Yeo. "O objetivo de ter pessoas de fora da Igreja é buscar alternativas novas", disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. Também compõem a comissão um ex-diretor da empresa Michelin e uma consultora de gestão da Ernest & Young.
No início da semana, o jornal O Estado de S.Paulo revelou que o papa preparava a reforma da Cúria e que as primeiras medidas começariam a ser adotadas no segundo semestre. Francisco, porém, decidiu antecipar o anúncio da criação da comissão, justamente para dar a mensagem que não quer perder tempo. O primeiro encontro do grupo está marcado para ocorrer assim que o papa retornar do Brasil.
Escândalos
Envolvida em escândalos sucessivos e suspeitas de corrupção, a administração do Vaticano passou a ser uma pedra no sapato da Igreja Católica. Francisco já revelou para pessoas dentro da Santa Sé que não tinha ideia do tamanho do problema. Agora, a nova comissão terá como meta "a simplificação e racionalização dos organismos existentes e de uma programação mais atenta das atividades econômicas", afirma o documento divulgado pelo Vaticano. Tudo isso para evitar "o desperdício de dinheiro, para favorecer a transparência nos processos de aquisição de bens e serviços, aperfeiçoar a administração do patrimônio e operar sempre com a maior prudência no âmbito financeiro".
Um dos objetivos do papa é não tolerar licitações com valores exorbitantes. "Somos um país pequeno, com pouco dinheiro", declarou um funcionário, que diz que o orçamento que o papa dispõe é inferior ao da Arquidiocese de Nova York. Em 2012, o Vaticano voltou a ter as contas em dia, após anos de déficit. Mas viu as doações de fiéis despencarem 12%. A ordem do papa foi cortar tudo o que os religiosos não precisariam, como um minishopping center, e reduzir ao mínimo o uso do palácio. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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