O Ministério Público do Estado de São Paulo denunciou 61 pessoas por envolvimento num esquema de desvio de dinheiro público no Hospital Regional de Itapetininga, região de Sorocaba. Somente desse hospital, a quadrilha teria desviado R$ 7,5 milhões, segundo os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Entre os denunciados estão médicos, servidores públicos, empresários, advogados, lobistas e agentes políticos. A atuação da quadrilha em outros hospitais do Estado de São Paulo ainda está sendo investigada.
A denúncia, encaminhada na sexta-feira, 06l, à Justiça Criminal, acusa os envolvidos de crimes como formação de quadrilha, fraude em licitação, corrupção ativa e passiva peculato. De acordo com o promotor do Gaeco Wellington Veloso, servidores públicos e funcionários de empresas terceirizadas montaram um esquema profissional para desviar dinheiro repassado pelos governos municipal, estadual e federal, criando empresas falsas que emitiam notas frias para justificar as retiradas. A gestão do hospital havia sido entregue à organização Sistema de Assistência Social e Saúde (SAS), que estaria no centro dos desvios.
Segundo o promotor, enquanto ocorria verdadeira sangria dos recursos da saúde, o atendimento à população era negligenciado. Ele acredita que o mesmo esquema era utilizado em outras unidades de saúde do Estado, por isso as investigações continuam. Os promotores individualizaram as condutas de cada acusado para possibilitar que sejam processados separadamente.
Entre os acusados, estão agentes políticos que utilizaram recursos públicos em campanhas eleitorais. A Justiça deve notificar os acusados para a apresentação da defesa. Seis dos acusados estão em local incerto e podem ser processados à revelia.
As denúncias resultam da Operação Atenas, realizada em dezembro de 2012 pelos promotores do Gaeco e Polícia Civil. Na ocasião, foram identificadas irregularidades no contrato firmado pela prefeitura com o SAS para a gestão do Hospital Regional. Durante a operação, dez pessoas foram presas e foi apreendido cerca de R$ 1 milhão em cédulas de real, euro, dólar e peso.
A organização mantinha contratos de gestão também com as prefeituras de São Paulo, São Miguel Arcanjo, Americana, Araçariguama e Vargem Grande Paulista, que estão sendo investigados.
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