(Marcelo Ramos)
Não é só de picanha maturada, alfajores e vinho que vive a economia argentina. Em 2010, quando a Volkswagen promoveu o lançamento global da Amarok, com direito a discurso da presidente Cristina Kirchner, com toda a pompa e circunstância, os alemães afirmaram que escolheram nossos hermanos para a empreitada por terem tradição na fabricação de picapes e por contar com uma base forte de fornecedores. Até então, Ford Ranger e Toyota Hilux já saiam das unidades fabris argentinos. Ou seja, com três marcas fabricando produtos com componentes similares, o custo ficaria mais barato. Mas, de 2017 em diante, serão quatro.
A Nissan se prepara para inaugurar uma linha de montagem de picapes em parceria com a Mercedes-Benz, de onde sairão, além da nova geração da Frontier, apresentada no Salão de Buenos Aires, a inédita picape média da marca da estrela de três pontas. Uma terceira picape também nascerá da nova planta, em Córdoba, mas com emblema Renault.
E com a transferência da Frontier para os pampas argentinos, é muito provável que a unidade de São José dos Pinhais se dedique a penas à produção veículos da marca francesa, uma vez que a gama do fabricante de Boulogne-Billancourt tem crescido por aqui, com a chegada do Oroch e do seu futuro popular, que virá até 2017.
Até 2014, 51,5% das picapes emplacadas no Brasil foram importadas da Argentina. Neste ano, só nos cinco primeiros meses, as caminhonetes argentinas já correspondem a 54% das vendas, mesmo com o volume licenciamentos tendo retração de pouco mais de 20%.
Dessa forma, importar picapes se torna mais viável do que produzir localmente, uma vez que não há preocupação com volume e nem estoque. Além disso, a manobra ajuda a capitalizar a filial argentina, que, por sua vez, passa a ter caixa para importar compactos do Brasil, para revender por lá.
OLHO: Até 2014, 51,5% das picapes emplacadas no Brasil foram importadas da Argentina. Neste ano, só nos cinco primeiros meses, já correspondem a 54%