Funerais de 20 mineiros mortos pela polícia são realizados na África do Sul

AFP
01/09/2012 às 13:53.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:56

MTHATHA - Os funerais da maior parte dos 34 mineiros grevistas mortos pela polícia sul-africana no dia 16 de agosto na mina de platina de Marikana (norte) foram realizados neste sábado (1°), em diversas regiões da África do Sul e no Lesoto.

Os funerais de 24 vítimas do massacre foram organizados neste sábado e outros dois devem ser realizados no domingo (2), segundo uma lista fornecida pelo governo.

Um enterro particularmente emocionante foi realizado na aldeia de Mdumazulu, na região do Cabo Oriental (sudeste da África do Sul), de Phumzile Sokhanyile, de 48 anos, e de sua mãe, Glorious Mamkhuzeni-Sokhanyile, de 79, que não resistiu ao tomar conhecimento da morte de seu filho.

Mamkhuzeni-Sokhanyile, que sofria de hipertensão e tinha asma, sofreu um colapso nervoso que causou sua morte ao ficar sabendo da morte do filho e ao ver as imagens do massacre de Marikana na televisão.

"Ela viu as imagens e disse: 'Ah! Como assim? Meu filho foi morto?', e teve um ataque", contou Thokozile Sokhanyile, tia do mineiro morto.

A greve na mina de platina de Marikana deixou no total 44 mortos.

Dez homens - incluindo dois policiais e dois seguranças - foram mortos durante os confrontos entre sindicatos entre os dias 10 e 12 de agosto, e, depois, 34 mineiros grevistas perderam a vida e 78 ficaram feridos quando a polícia abriu fogo contra uma multidão de manifestantes no dia 16 de agosto.

Os feridos são mantidos na prisão, enquanto um tribunal do subúrbio de Pretória, para a surpresa geral, acusou de assassinato as 270 pessoas detidas após o tiroteio.

O magistrado não indicou em que texto ele se baseou na quinta-feira para acusar esses homens de assassinato, que estavam armados de lanças e facões, e que foram atacados a tiros pela polícia. Vários juristas consideram que ele recorreu a uma lei anti-motins de 1956, ainda em vigor, que era muito utilizada no período do Apartheid.

O ministro sul-africano da Justiça, Jeff Radebe, pediu explicações ao promotor.

Os advogados dos 270 acusados pediram ao presidente Jacob Zuma que os liberte até domingo, enquanto a próxima audiência foi marcada para o dia 6 de setembro.

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