Gado leiteiro precisa se alimentar de capim, diz pesquisador

Jornal O Norte
26/05/2008 às 10:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:33

A bovinocultura leiteira tem enfrentado ao logo dos anos no Norte de Minas e em todo o Brasil uma desvalorização, apesar de 2007 ter sido o ano em que o preço melhorou um pouco devido a escassez do produto causada pela seca

Valéria Esteves


Repórter

Cuidar de gado não é tão fácil como se imagina. Quem pensa que a corrida pela melhor genética é a saída para se obter um rebanho bonito e saudável, além de lucrativo, pode estar enganado, conforme o médico veterinário da Embrapa gado de leite, Leovegildo Matos. Colocar gado pesado em solo não apropriado pode ser o início de alguns problemas para o produtor rural.

Leovegildo que já esteve em Montes Claros palestrando sobre a alimentação do gado leiteiro, disse que a viabilização da pecuária leiteira se concentra em duas questões; o preço do leite e a diminuição de custo de produção.

- O produtor vive falando que o preço do leite está muito baixo e que está quase impossível tirar lucros com essa atividade. Mas, se analisarmos, os produtores não estão cuidando realmente da alimentação de suas vacas à base de capim - disse.

A produção de forragem deve ser levada em conta, mesmo porque, defende o veterinário, comida de vaca é capim. Pode-se fazer uma análise do que é significante para a alimentação da vaca da propriedade rural. Até hoje não se encontrou comida mais barata do que o capim e a busca desesperada por animais sofisticados pode fazer mal ao bolso do pecuarista.

Para orientar os pecuaristas sobre as diversas funções que perfazem o manejo é que o Senar -Serviço Nacional de Aprendizagem Rural vai realizar, o curso trabalhadores na bovinocultura de leite em Januária.

Cerca de 12 produtores devem ser orientados sobre os cuidados com a manutenção das instalações, ordenha, processo higiênico de extração do leite, produtividade e eficiência no trabalho, planejamento, associativismo, dentre outras. O curso tem duração de 40 horas. Na próxima semana de 27 a 30 de maio, o curso será ministrado para pequenos produtores do distrito de Adão Colares, no município de Botumirim, com destaque para o preparo, conservação e utilização de alimentos, além de conservação de forragens pelo método de fenação e noções básicas sobre pastejo e forragem verde picada. 

Dados do Senar demonstram que Minas Gerais é responsável por cerca de 30% da produção nacional de leite. O agronegócio do Leite e seus derivados desempenham um papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população mineira. No Norte de Minas estima-se uma produção diária de cerca de 300 mil litros com um potencial para produção de 600 mil litros dia, segundo cálculos da Emater.

Conforme dados da Embrapa, o leite desempenha um relevante  papel social, principalmente na geração de empregos. O País tem, hoje, acima de um milhão e cem mil propriedades que exploram leite, ocupando diretamente 3,6 milhões de pessoas. O agronegócio do leite é responsável por 40% dos postos de trabalho no meio rural.

De olho neste negócio, é cada vez maior o número de pequenos produtores investindo neste setor. E para capacitar estes produtores o Senar Minas tem ministrado vários cursos de profissionalização na bovinocultura de leite no Norte de Minas. 

Com o longo período de estiagem, a redução de leite ficou comprometida e o gado perdeu peso. O mercado ficou comprometido e os pecuaristas alegaram que de janeiro a fevereiro a produção de leite caiu de 40% a 45%. Mas com as chuvas de março, a produção teve uma ligeira recuperação. Acredita-se que ela já tenha alcançado os 40%.

O normal, segundo a Emater é que no mês de janeiro a produção de leite seja mais acentuada, o que não aconteceu nesse ano. Mas a expectativa é de melhoras. Por média os produtores conseguem tirar até 47 litros de leite por dia.

O pesquisador também informou que as reclamações dos pecuaristas de leite condenam suas próprias matrizes, enquanto o que deveriam fazer é investir em sais minerais incluídos no capim - para que a alimentação seja balanceada.

Informou que o Norte de Minas dispõe de vocação para a pecuária, mas tem potencial de ir além do que está apresentando, porque tem solo favorável, bem como clima adequado a essa atividade. 

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