Galerias vendem mais obras para as instituições de fora

Antonio Gonçalves Filho
31/03/2014 às 11:03.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:51

A SP-Arte foi a feira em que 56% das galerias movimentaram um maior volume de negócios no ano que passou, segundo a pesquisa setorial Latitude 2014, elaborada pela Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abact), entidade que reúne 49 galerias do mercado primário em seis estados brasileiros. A consultora da entidade, também coordenadora da pesquisa, Ana Letícia Fialho, vai apresentar na feira, ainda esta semana, um relatório com o perfil das galerias participantes e as tendências do mercado. O Caderno 2 teve acesso exclusivo aos resultados da pesquisa, realizada junto a 45 galerias.

Entre outros dados, ela revela que aumentou o número de feiras realizadas por ano e também o porcentual de artistas que entraram pela primeira vez no mercado em 2013. A evolução do mercado pode ser medida também pelo recorte geracional que aponta o número de galerias nascidas a cada década. Foram apenas duas nos anos 1970. Já em 2010, 15 galerias abriram as portas. A distribuição regional das instituições que trabalham com arte aponta São Paulo e Rio como as principais capitais: 59% das galerias estão localizadas na primeira e 29% na última.

Em média, cada galeria realiza sete exposições individuais por ano, representando algo como 22 artistas, num universo calculado em 1.000 artistas brasileiros. Um dado curioso é que, nesse mercado, 57% da mão de obra é feminina, contando as galerias com oito empregados, em média. O número de trabalhadores cresceu desde 2012, acompanhando a evolução do faturamento: 64% das galerias registraram uma receita bruta de até R$ 3,6 milhões no ano passado e 31% conseguiram resultados acima desse valor.

Esta é a terceira pesquisa realizada pela Abact desde 2011. O foco é sempre o mercado primário (a primeira venda de uma obra). O projeto Latitude, explica sua coordenadora, mira a internacionalização das galerias, que participam de mais feiras fora do Brasil a cada ano, estabelecendo parcerias com galeristas estrangeiros. "Há uma presença maior das galerias brasileiras em feiras internacionais", diz Ana Letícia Fialho, revelando que aumentou o porcentual de galerias com parceiros lá fora, apesar dos obstáculos ao desenvolvimento do setor, como a alta tributação (especialmente para obras importadas) e burocracia do governo.

Os galeristas que responderam às 150 questões da pesquisa apontaram para a necessidade de um diálogo maior com as esferas governamentais, reclamando das políticas públicas voltadas ao setor. Apesar disso, 90% das galerias viram crescer o volume de negócios no ano passado. O crescimento médio do setor em 2013 foi de 27,5% - isso representa 5% a mais do que em 2012. Só para o exterior, as galerias venderam 126 obras destinadas a 24 instituições internacionais.
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