Francesa atualizou sua licença de uso do usuário final e determina remoção do jogo pelos próprios usuários
(Marcelo Jabulas)
No mercado de games há uma prática comum de tirar jogos de circulação depois de um tempo de mercado. No passado, ocorria após o console sair de linha. Depois, com as mídias digitais, muitos títulos deixam de ser oferecidos devido a encerramento de licenças de imagem, principalmente quando vinculam marcas terceiras, personagens ou pessoas reais.
Assim, o consumidor não pode mais comprar o jogo novo e precisa buscar no varejo de usados ou na pirataria. Mas a Ubisoft quer ir além. Depois de bloquear o acesso a games, como títulos da série The Crew, a francesa agora quer que seus clientes apaguem jogos fora de catálogo.
A Ubisoft alterou seu Contrato de Licença de Usuário Final (EULA), que passou a exigir que jogadores deletem títulos que saíram de catálogo em suas lojas digitais, mesmo que tenham sido regularmente adquiridos anos atrás. Ou seja, se o amigo tem títulos em plataformas como Steam, PSN e similares terá que apagar o jogo que comprou.
A decisão começou a ser notada por usuários, que receberam notificações para remover jogos antigos de suas bibliotecas. Logo em seguida o assunto pegou fogo nas redes sociais e fóruns de discussão.
A decisão, no entanto, reacende o debate sobre a posse real de produtos digitais. Na prática, quem comprou o jogo não é o dono: detém apenas uma licença de uso, sujeita a políticas que podem mudar a qualquer momento. O mesmo é válido para músicas compradas em plataformas como iTunes, jogos na PSN ou Xbox Live. Caso o serviço seja descontinuado, o consumidor ficará a ver navios.
Críticos apontam que a medida impõe uma nova camada de insegurança para quem investe em mídias digitais, já que o acesso ao jogo passa a depender não só de servidores ativos, mas também da boa vontade da publisher em manter o título disponível. Numa experiência pessoal, tentamos reinstalar novamente The Godfather: The Videogame, da Electronic Arts.
Usando o DVD original e o código de instalação impresso no encarte original, foi impossível concluir o processo. Isso porque o servidor tinha sido desativado. Em fóruns, a solução era unânime: fazer o “crack” do arquivo executável. No fim das contas, a pauta caiu.
A Ubisoft defende-se alegando que a alteração no contrato deve-se a salvaguardas de licenças de terceiros. Ou seja, ela não quer ter que enfrentar algum tipo de ação judicial porque seus clientes ainda gostam de jogar seus jogos. E segue o baile.