(Editoria de Arte)
Desde julho do ano passado, quando entrou em vigor a nova política de reajuste dos combustíveis praticada pela Petrobras, que leva em conta as variações do mercado internacional, o valor desembolsado pelos consumidores mineiros para abastecer um carro a gasolina subiu 8 vezes mais que a inflação. Durante o período, o preço médio do combustível no Estado saltou de R$ 3,661 para R$ 4,514, uma variação de 23%, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, foi de 2,68% na mesma base de comparação.
No mesmo período, o aumento do diesel ficou em 21% nos postos mineiros, alcançando um valor médio de R$ 3,353 neste mês. Ontem, caminhoneiros autônomos, que não estão ligados a transportadoras, fecharam vias públicas em pelo menos 19 estados brasileiros, incluindo Minas, como forma de protestar contra o aumento do combustível. Houve bloqueio em várias rodovias. Na BR-262, em Juatuba, na Grande BH, manifestantes chegaram a incendiar pneus para impedir a passagem de veículos.
A ação foi uma resposta ao novo anúncio de aumento feito pela Petrobras na última sexta-feira, o 11º em menos de 20 dias. A estatal publicou o reajuste de 0,9% para a gasolina e 0,97% para o diesel. Com a alta, que passa a valer a partir de hoje, o preço da gasolina cobrado pelas refinarias será de R$ 2,0867, enquanto o do óleo diesel sobe para R$ 2,3716. No Brasil, o aumento médio em maio chegou a 16,07% para a gasolina.
De acordo com a estatal, os reajustes podem ser atribuídos às oscilações do preço do barril do petróleo no mercado externo. Segundo a empresa, a equiparação é necessária porque o mercado brasileiro de combustíveis é aberto à livre concorrência, dando às distribuidoras a alternativa de importar os produtos.
A empresa destacou ainda que o preço de venda às distribuidoras não é o único determinante do valor final repassado aos consumidores e que, como a lei brasileira garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados, as revisões feitas pela Petrobras não necessariamente provocam reflexos no preço final.
Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), entidade que representa os cerca de 4 mil postos de combustíveis do Estado, reafirmou que os estabelecimentos revendedores de combustíveis são apenas mais um elo na cadeia de comercialização, que é extensa e composta por instituições que vão desde o refino até a disponibilização do produto ao consumidor final. A entidade ressaltou ainda que a margem do lucro dos postos mineiros está abaixo de 4% e que eles também são vítimas dos impostos e do aumento desenfreado.
Reunião
No início da noite de ontem, o presidente Michel Temer se reuniu com ministros para tratar do preço dos combustíveis. Os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também anunciaram que farão uma comissão geral no Congresso no dia 31 para debater o assunto e encontrar soluções que atendam às reivindicações populares.
Representantes dos caminhoneiros informaram que se não houvesse avanço na reunião do governo, que não havia terminado até o fechamento desta edição, manteriam a paralisação hoje.