Alexandre Assis ultrapassou barreiras pessoais e construiu uma trajetória de resiliência, superação e impacto positivo no cenário corporativo
(Maurício Vieira)
Fundador de uma empresa mineira especializada em fusões e aquisições, compliance e governança, Alexandre Assis dá lições de vida antes mesmo de começar qualquer consultoria ou apresentar caminhos para novos negócios a outros empresários. A facilidade com números é atestada nos 23 anos de mercado, mais de 6 mil empresas na carteira de clientes e suporte para gerenciar faturamento da ordem de R$ 12 bilhões. Mas cada dia mais a missão dele é mudar mentalidades, sobretudo quando o assunto é inclusão.
Aos 12 anos, Assis foi diagnosticado com uma patologia rara e degenerativa, a AME, Atrofia Muscular Espinhal. A doença interfere na capacidade do corpo de produzir uma proteína essencial para a sobrevivência dos neurônios motores - e pode levar à morte. Aos 44, teve as pernas esmagadas após o elevador da casa onde morava despencar. Desanimou? Nada disso! Atualmente, viaja e faz palestras dentro e fora do país falando sobre inclusão e mostrando como o tema é importante também para a imagem de uma organização.
“Vivo minha vida em muita gratidão”, ensina. “Disseram que eu só viveria até os 17 anos. Hoje, aos 51, meu trabalho é também chamar a atenção de outros empresários, mostrar que pensar em acessibilidade, por exemplo, não é desperdício de dinheiro e sim algo que agrega à marca”, diz Assis, cuja empresa, sediada no Estoril, em Belo Horizonte, emprega 60 pessoas.
“É uma missão pessoal, mesmo quando me pedem algo estritamente técnico eu uso meus exemplos e desafios para mudar as percepções e também credenciar projetos para investimentos voltados à inclusão”, emenda o empresário, que diz gastar, em média, 20% do dia pensando em como ir aonde precisa, a trabalho ou a lazer, por conta das inúmeras barreiras pelo caminho.
“Hotéis não têm a estrutura adequada, restaurantes oferecem banheiro adaptado, mas no segundo andar, vagas de estacionamento são usadas por quem não é cadeirante, corredores de avião não preveem espaço, rampas, quando há, terminam ou começam com degraus. Tudo isso requer muita logística”, lamenta.
“Aprendi a lidar com as situações. E utilizo os exemplos, as situações que enfrento, para levar o outro a analisar, repensar a estrutura oferecida. Mostro quando a falta de acessibilidade é uma vergonha para a marca”, diz o empresário, acrescentando que a missão costuma ser bem aceita pela clientela. "E assim vamos expandindo a cada ano", celebra.
Leia também: