Geólogos analisam risco de rompimento de segunda barragem em Itabirito

Hoje em Dia*
11/09/2014 às 20:21.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:10
 (Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

(Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

O geólogo Luiz Paniago Neves, especialista em Recursos Minerais do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), em Brasília, chegou nesta quinta-feira (11) a Itabirito para analisar o acidente que matou três operários da Herculano Mineradora, após o rompimento de uma das barragens de rejeitos da empresa. Paniago é mestre em geologia econômica e prospecção mineral pela Universidade de Brasília (UnB).     Uma das preocupações de Paniago - que se juntou à equipe técnica do DNPM de Belo Horizonte, formada por dois engenheiros de minas e dois geólogos - será verificar os riscos de rompimento da segunda cava de rejeitos, que recebeu parte do material que estava retido na barragem destruída na manhã dessa quarta.   A equipe do DNPM está no local desde essa terça. "Hoje o Luiz Paniago veio de Brasília para ajudar na análise das falhas que causaram o acidente. Não temos posição nenhuma ainda. Só vamos nos pronunciar depois dessas vistorias", disse ao Hoje em Dia o chefe de Gabinete do DNPM de Minas Gerais, José Augusto de Castro.    Ele reclamou que os soldados do Corpo de Bombeiros interditaram a área e, por esse motivo, a equipe técnica do DNPM não teve acesso ao local no mesmo dia do acidente. Segundo Castro, os técnicos do órgão devem dormir em Itabirito. "Se tivermos uma posição sobre o acidente hoje será bem mais tarde", afirmou.   A grande preocupação dos bombeiros militares é de que a segunda barragem se rompa, porque o volume de resíduos da primeira, que rompeu na quarta-feira (10),  foi lançado para a outra estrutura, que já está com a capacidade elevada. Indagado sobre o risco de novo acidente no local, o representante do DNPM-MG foi lacônico:  "Não temos conhecimento disso".   ABASTECIMENTO   Para os técnicos do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH-Velhas) que foram até o local do acidente, os rejeitos atingiram os cursos d'água da região e podem contaminar a estação de Bela Fama, em Nova Lima, onde a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) capta a água do Velhas que abastece 70% da  população de Belo Horizonte e 40% da Região Metropolitana da capital.    "Com o rompimento da barragem de rejeitos da Mineração Herculano, em Itabirito, a lama já chegou ao córrego do Silva e ao Ribeirão do Eixo, que desaguam no Ribeirão Itabirito, afluente do Rio das Velhas. É preciso fazer um trabalho de contenção para evitar que os rejeitos da mineradora cheguem à Bela Fama", afirmou o presidente do  CBH-Velhas, Marcos Vinícius Poliano.   Segundo ele, o aumento de turbidez chegou ate o Ribeirão Itabirito. "Estamos acompanhando na estação de Bela Fama se houve aumento na turbidez da água. Até agora, comprometimento importante não teve. Se essa turbidez atingir um pico alto, vai prejudicar o tratamento e impedir a captação da água", acrescentou. Por enquanto,  apenas o residencial Villa Bella, em Itabiriro, teve o abastecimento de água comprometido.   Poliano reiterou que o dano mais intenso ocorreu no Córrego do Silva. A quantidade de sedimentos vai requerer um processo de reparação, que queremos discutir com a empresa e as autoridades. É preciso evitar que os rejeitos não intensifiquem esse processo. Segundo ele, a Copasa faz parte do CBH-Velhas e garante aos membors  do comitê acesso fácil à estação de Bela Fama. 
  A Copasa informou, em nota, que a captação de água da empresa no Rio das Velhas está operando normalmente. "Desde o momento do acidente ocorrido na mineradora em Itabirito, a empresa está monitorando seus impactos e vem tomando todas as medidas necessárias para garantir que o abastecimento de água de Belo Horizonte e  Região Metropolitana não seja afetado". 
  A companhia não explicou como é feito esse monitoramento para evitar que o risco da lama chegue à Bela Fama e comprometa o abastecimento de água na RMBH. Também não informou de que maneira poderá conter o grande volume de rejeitos que já chegou ao Ribeirão Itabirito.   (*Com Ricardo Rodrigues)

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