Relações Internacionais

'Biden foi sofrível e europeus mais assertivos', diz especialista sobre reação à guerra na Ucrânia

Bernardo Estillac
bernardo.leal@hojeemdia.com.br
24/02/2022 às 18:28.
Atualizado em 24/02/2022 às 18:35
Atual presidente comunicou saída da disputa pelas redes sociais (Cadu Gomes/ Agência PT )

Atual presidente comunicou saída da disputa pelas redes sociais (Cadu Gomes/ Agência PT )

A tensão na fronteira entre Rússia e Ucrânia se materializou no avanço das tropas de Vladimir Putin sobre o país vizinho, nesta quinta-feira (24), deixando as grandes potências ocidentais em polvorosa. Estados Unidos e União Europeia sinalizaram com sanções econômicas ao Kremlin, o que deve ser insuficiente para pressionar o governo russo e acabar com a ofensiva, de acordo com especialista ouvido pelo Hoje em Dia.

Chefes de Estado de todo o mundo foram a público para se posicionar sobre os ataques. Os holofotes, naturalmente, ficaram sobre as nações mais ricas e influentes. Para o Doutor em Ciência Política e professor de Relações Internacionais do Ibmec, Christopher Mendonça, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi excessivamente comedido em sua declaração sobre o conflito.

“A fala do Biden foi sofrível, porque ele não se posicionou de forma assertiva. Afirmou que não fará nenhuma condução militar e que vai permanecer nas questões econômicas, o que me parece que não vai ser suficiente", afirma.

O presidente norte-americano, além de manter as ações no campo das sanções econômicas, afirmou que Putin se tornará um pária internacional por sua postura em relação à Ucrânia.

Para Mendonça, a posição de chefes de Estado europeus foi mais incisiva do que a de Biden e o tom utilizado foi mais adequado ao contexto.

“Quem se manifestou de forma mais assertiva foram o presidente da França, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson”, disse. 

O professor ressalta que as potências europeias estão em situação delicada ao negociar limitações econômicas com os russos. Países da União Europeia têm, por exemplo, uma dependência de gás natural vindo da Rússia, combustível essencial para o aquecimento da população durante o inverno.

Por mais que os líderes europeus também não tenham sinalizado com apoio militar à Ucrânia, a forma como se pronunciaram é relevante no contexto das relações internacionais, explica Mendonça.

“Os líderes se limitam a tratar sobre sanções porque existem limites diplomáticos, mas as falas são bastante incisivas. O presidente da França diz que estão prontos. Prontos para quê? O primeiro-ministro do Reino Unido diz que sofrerão consequências como nunca viram antes. Eles não falam claramente sobre intervenção militar por conta da diplomacia, mas as falas foram duras”, comenta.

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