Alerta é maior com pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI)
Superfungo (Janaína Santos ACS/Funed)
Capaz de provocar infecção grave, com risco de morte, o “superfungo” Candida auris tem sido motivo de preocupação nos últimos dias. Casos foram confirmados em Belo Horizonte, onde um paciente veio a óbito – ele já estava com quadro de saúde delicado após acidente de moto. Além disso, registros suspeitos seguem em investigação. Para as autoridades da área da saúde, o momento é de alerta, mas não de alarde.
O perigo é maior dentro dos hospitais, principalmente para pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), o que obriga medidas reforçadas de prevenção, já que o fungo é de fácil contágio.
Há evidências de que o ambiente possa ser o principal reservatório do fungo, que se disseminaria por meio de superfícies e até mesmo equipamentos contaminados, como estetoscópios e termômetros, além do contato direto com os pacientes.
“Apesar da alta transmissão e resistência a alguns desinfetantes e saneantes, os riscos são para aqueles com internação prolongada, principalmente em UTI, que passam por procedimentos invasivos e fazem uso de antibióticos, ou pessoas imunossuprimidas”, afirma Carmem Faria, do Serviço de Doenças Bacterianas e Fúngicas (SDBF), do Laboratório Central de Saúde Pública da Fundação Ezequiel Dias (Lacen-MG/Funed).
Carmem destaca que não se trata de um fungo novo. “A Fundação atua na investigação desde 2021, quando a instituição foi reconhecida pelo Ministério da Saúde como laboratório de referência para confirmação de identificação desse microrganismo”.
A especialista afirma que o momento exige atenção em termos de profilaxia de ambientes hospitalares e instituições de longa permanência para idosos (ILPI). Além disso, acrescenta que dentre os trabalhos feitos está o monitoramento dos contatos dos pacientes.
Mesma observação é feita pelo diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano. “Temos que fazer esforços para identificar os focos precoces desses fungos para evitar com que eles se espalhem e atinjam proporções que sejam perigosas à população”, afirmou.
Conforme o médico, o tratamento é delicado, uma vez que o superfungo produz o que os cientistas chamam de “biofilme”, camada protetora que resiste ao fluconazol, anfotericina B e equinocandina, três dos principais compostos antifúngicos.
Urbano explica que os infectados devem tomar um coquetel antifúngico, com diversos medicamentos para eliminar a levedura do organismo.
O fungo Candida auris foi descrito pela primeira vez em humanos em 2009, no Japão. A espécie é considerada um patógeno “emergente” pois casos foram identificados em países dos cinco continentes.
Segundo estudos com número limitado de pacientes, 30% a 60% evoluíram para óbito. No entanto, muitos tinham doenças graves que também contribuíram para aumentar o risco.
* Com informações da SES e Funed
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