Dia de São Jorge tem a tradicional feijoada em homenagem ao santo (Foto Camil/Divulgação)
Para os devotos do Santo Guerreiro, dependendo da religião, o cardápio do dia 23 de abril não pode ser outro: é feijoada. Mas como surgiu esta tradição?
O feijão preto, nativo da América do Sul, era cultivado desde o período colonial em diversos locais, inclusive em torno das residências, principalmente das classes mais pobres. A brasileiríssima mandioca era plantada pelos índios, junto com feijão e milho, que rapidamente, foram incorporados à alimentação de africanos e europeus que vieram para o Brasil.
Na época da Colônia, explica o doutor em Sociologia, Carlos Alberto Dória, as elites procuravam reproduzir o padrão culinário da metrópole. “O Brasil era uma espécie de ‘Portugal nos trópicos’, o que ele (Gilberto Freire) chamava de uma cozinha luso-tropical” - explica.
Ainda de acordo com o pesquisador da Unicamp, o feijão é, seguramente, um elemento central da dieta colonial. “As feijoadas eram cozidos de feijão que já existiam em Portugal, etc. E que continuam existindo, não só para negros, mas para todo mundo”- afirma Dória.
Esses cozidos muito comuns na Europa, no Brasil recebiam o acréscimo de ingredientes brasileiros. E a feijoada usava partes menos nobres do porco, por exemplo, como pés, orelhas que, no cozido, ficavam mais gostosas, explica doutora em história e mestre em antropologia Wanessa Pires Lott. “É importante lembrar que naquela época não havia geladeira e era preciso consumir os alimentos logo para não se perderem” - conta a pesquisadora. Ela explica ainda que raramente as pessoas escravizadas no Brasil comiam carne.
O sociólogo Carlos Alberto Dória fala que, sobre a popularização do prato no país, a “fixação da feijoada como nacionalidade pertence a um universo político e ideológico no fim do século XIX e início do século XX”, num movimento de reforço de ideias modernistas para construção de uma identidade nacional brasileira".
Mas e a tradição da feijoada com São Jorge?
Para entender por que o dia de São Jorge é comemorado com feijoada é preciso conhecer um pouco das religiões afro-brasileiras. O feijão preto é conhecido como “comida de orixá'' e uma das oferendas que podem ser servidas a uma das mais populares entidades - Ogum.
Ele também, como São Jorge, era um guerreiro. E protege agricultores, soldados, artesãos e todas as pessoas que pedem a sua ajuda nas lutas, na justiça ou até mesmo por melhores condições de vida - o mesmo público devoto de São Jorge. E, no dia do Santo, a feijoada ganha ares de festa, celebração e alegria.
Mas é bom pesquisar. Os preços dos ingredientes andam meio salgados e a variação, na RMBH, segundo pesquisa do Site Mercado Mineiro, divulgada no último dia 15, pode chegar a impressionantes 353,16%. Veja:
Orelha: (R$ 3,95 / R$ 17,90) --> variação de 353,16%
Pé: ( R$ 6,95 / R$ 17,80) --> variação de 156,12%
Rabinho: (R$ 8,95 / R$ 28,00) --> variação de 212,85%
Lombo aparado: ( R$ 14,95 / R$ 28,00 --> variação de 87,29%
Lombo inteiro: ( R$ 12,45 / R$ 28,00) --> variação de 124,90%
Costelinha: ( R$ 14,95 / R$ 34,95) --> variação de 133,78%
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