O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) das Nações Unidas lançou nessa segunda-feira (4) um documento elaborado por 268 cientistas, de 65 países, inclusive do Brasil, que revisaram mais de oito mil estudos relacionados à mudança climática.
Segundo o IPCC, as emissões de gases de efeito estufa chegaram a 59 bilhões de toneladas em 2019, um valor 12% maior do que em 2010 e 54% acima do registrado em 1990. Na última década, a humanidade emitiu 9,1 bilhões de toneladas a mais desses gases do que na década anterior.
Desde a era pré-industrial até hoje, foram liberadas na atmosfera 2,4 trilhões de toneladas de CO². Desse total, 58% foram emitidos entre 1850 e 1989, e 42% entre 1990 e 2019.
O painel da ONU alerta que, para que a humanidade tenha ao menos 50% de chance de estabilizar o aquecimento global em 1,5º C acima dos níveis pré-industriais, como determina o Acordo de Paris (2016), as emissões globais de gases de efeito estufa precisam cair 43% até 2030. O problema é que houve aumento de 12% desde 2010.
A boa notícia é que, pelo menos, 18 países que assinaram o Protocolo de Kyoto, de 1997, o primeiro acordo internacional de redução da poluição atmosférica, vêm reduzindo de forma consistente as emissões de gases de efeito estufa há mais de uma década.
Reduzindo as emissões
O IPCC explica que o mundo tem condições de cortar as emissões pela metade em 2030 em relação a 2019 a um custo econômico aceitável. No setor de energia, por exemplo, usar o potencial eólico e solar é mais barato que seguir com a queima de combustíveis fósseis. Na última década, o preço das baterias de íon de lítio caiu 85%, o da energia eólica caiu 55%, enquanto a adoção de carros elétricos cresceu 100 vezes e a instalação de painéis solares cresceu 10 vezes, de acordo com a ONU.
Quanto mais cedo a humanidade cortar emissões, menor será a necessidade de se “remover” dióxido de carbono da atmosfera, explica o painel. A retirada de gases de efeito estufa se dá por estratégias que vão desde o reflorestamento até a extração direta de CO² do ar e o armazenamento do gás em termelétricas ou em usinas de bioenergia.
Segundo o documento do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, as cidades são uma das principais preocupações. Porém, existem opções para a reversão desse quadro, por meio de mudanças no consumo energético e com o uso de transporte elétrico. Sem medidas de mitigação, as cidades devem emitir 40 bilhões de toneladas de CO² e metano em 2050. Se forem adotadas as mudanças de forma rápida, esse total cai para três bilhões de toneladas.
A ONU lembra que a agropecuária e o desmatamento são outros grandes emissores de gases de efeito estufa que podem adotar medidas relativamente baratas e reduzir a poluição em até 14 bilhões de toneladas por ano até 2050. Esse tema é de interesse direto do Brasil.
(*) Com Agência ONU.
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