A equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve propor a revogação dos decretos editados por Jair Bolsonaro (PL) que facilitaram a compra de armas de fogo e munições no país. Essa afirmação foi feita nesta quinta-feira (17) pelo senador Flávio Dino (PSB-MA) , ex-juiz, ex-governador do Maranhão, que integra o grupo de trabalho da Justiça e Segurança Pública do governo de transição.
"No que se refere a armas, não há dúvida que temos hoje um desacordo entre a lei de 2003, o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003), e decretos e portarias. Então, seguramente, um dos primeiros produtos do grupo de trabalho será essa sugestão ao presidente (Lula), de revogação de atos que recomponham, para o futuro, o sistema de controle, e nós ponhamos fim ao liberou geral”, afirmou Dino.
Segundo ele, as sugestões de revogação de atos serão apresentadas até 30 de novembro ao coordenador dos grupos técnicos, Aloizio Mercadante.
Durante a reunião, na manhã desta quinta, foi definida a dinâmica dos trabalhos do grupo. De acordo com Dino, haverá relatorias temáticas de acordo com as prioridades estabelecidas pelo programa de governo do presidente eleito, como o desarmamento, a Amazônia, a estruturação do sistema único de segurança pública, os crimes digitais e os crimes contra o estado democrático de direito.
'Para cada um desses temas haverá relatoria e emergirão audiências com segmentos, corporações, especialistas, e relatórios setoriais que vão compor o relatório geral. Esse relatório setorial vai conter propostas de revogação e de edição de novos atos normativos", explicou. O relatório geral da transição será apresentado até 10 de dezembro.
"O tema da Amazônia também será foco importante tendo em vista os compromissos que o presidente assumiu na COP 27, a eliminação do desmatamento até 2030, o que pressupõe a plena recuperação do controle territorial na Amazônia brasileira”, disse Dino.
Na tarde desta quinta (17), integrantes do grupo têm encontro com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. O objetivo, segundo Dino, é estabelecer um diálogo transparente na transição e um compromisso com a continuidade administrativa, a partir de informações que devem ser prestadas pela equipe do atual governo.
"Claro, é um governo (eleito) com propostas de mudanças, de outro campo político, mas no terreno administrativo, aquilo que for possível dar continuidade, é claro que nós faremos. Não há nenhuma visão, em relação à área de Justiça e Segurança Pública, de que tudo vai parar e começar do zero”, disse Flávio Dino, ao deixar o Centro Cultural de Banco do Brasil (CCBB), onde funciona o gabinete do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
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