MEIO AMBIENTE

Missão Espacial brasileira vai escanear biomas na Amazônia e Cerrado para combater mudança climática

Liderada por pesquisador do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos, Renato Borges, equipe da UnB dedica-se ao projeto

Do HOJE EM DIA
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03/06/2025 às 15:52.
Atualizado em 03/06/2025 às 16:18
Renato Borges, pesquisador do IEEE e professor da UnB, lidera o projeto (Manuel Diz-Folgar da UVigo/ divulgação IEEE)

Renato Borges, pesquisador do IEEE e professor da UnB, lidera o projeto (Manuel Diz-Folgar da UVigo/ divulgação IEEE)

No âmbito do projeto Perception, cientistas da Universidade de Brasília (UnB) atuam com foco em uma plataforma espacial que combina tecnologia e ferramentas de análise e processamento de dados para mapear áreas críticas do Cerrado e da Amazônia. Além de detectar, em tempo real, variações climáticas e degradação do solo, o sistema promete entregar insumos valiosos para o desenvolvimento de políticas públicas de preservação e desenvolvimento sócio-econômico-ambiental ao ecossistema.  O trabalho é liderado por Renato Borges, professor da UnB e pesquisador do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE). 

Perception integra hardware e software para aliar a captação, geração e processamento de informações coletadas via sensores terrestres e tecnologias de comunicação por satélite. Esse fluxo se soma à tecnologia de gêmeos digitais e análise preditiva de modelos de IA desenvolvidos pela equipe para assegurar o monitoramento contínuo dos ativos ambientais brasileiros.

“No longo prazo, a missão poderá ser expandida para fazer a varredura de outros biomas, zonas costeiras, áreas de risco e fronteiras agrícolas tidas como relevantes pelas autoridades“, projeta Borges. “Outro legado consiste em fortalecer o monitoramento ambiental via satélite, em linha com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) preconizados globalmente para combater os efeitos do aquecimento global”, completa.

Ganhos para a gestão agrícola

Segundo o pesquisador, a iniciativa também pode fazer a diferença na gestão agrícola, no ganho de eficiência energética e hídrica da região contemplada pelos mecanismos de observação. Sem contar na detecção precoce de ameaças naturais e ação imediata para minimizar impactos ambientais, favorecer o desenvolvimento das áreas analisadas e impactar direta e indiretamente o arcabouço científico para viabilizar o projeto.

“Ao entregar informações em tempo real, o Perception contribui para mais assertividade no manejo sustentável do solo, ajustes climáticos e prevenção contra possíveis danos decorrentes de tragédias naturais”, pontua Borges, destacando também as oportunidades abertas para pesquisadores, estudantes e interessados em temas como engenharia aeroespacial, geociências, modelagem climática, ciência de dados, telecomunicações e eletrônica embarcada. 

Perception também é financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) que injetou R$1,5 milhão por meio do edital Learning Tech. A mesma instituição de fomento já havia destinado verba para viabilizar as ações do AlfaCrux.

Qual tecnologia por trás do projeto?

O sistema Perception tem uma plataforma para testar e validar redes de comunicação. Essa estrutura deverá amparar futuros satélites e servir de canal de demonstração tecnológica de carga para obter informações sobre a área monitorada.

“Para conectar insumos extraídos de sensores IoT (Internet das Coisas) terrestres e do satélite mobilizado, o projeto recorre a servidores com gateway robusto e de baixo consumo otimizado para o ambiente espacial e transceptores independentes de chips proprietários dotados de maior flexibilidade e maior poder de adaptação”, explica Borges. Gateway é um dispositivo ou sistema que conecta duas ou mais redes ou sistemas.

Todo esse aparato vai ser dividido em duas frentes de aplicação, uma nas torres de captação instaladas na Floresta Amazônica, que contam com parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A outra, no Cerrado, dedicada a detectar informações de recursos hídricos e de fluxo de carbono na região.

Os sistemas de coleta de dados são baseados em duas redes principais que se dedicam ao envio de volumes expressivos de informações e à comunicação crítica em banda estreita que será viabilizada pelo satélite Perceive. A estrutura é planejada para ser o primeiro satélite operacional do Sistema Perception, atualmente em fase de revisão e ajuste do modelo de arquitetura de sistemas, análise de missão, modelagem de desenvolvimento e especificação dos requisitos técnicos.

A estimativa é de que o Perceive seja lançado até o final do ano que vem. Já o piloto da plataforma Perception deve ser entregue no segundo semestre de 2025.

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