ARTE E CRÍTICA

Mostra 'Paisagens Mineradas' chega a BH trazendo reflexão sobre a mineração predatória

Exposição de arte e resistência pode ser vista a partir deste sábado (5), na Funarte; entrada é gratuita

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 04/07/2025 às 08:00.
Mostra já impactou mais de 30 mil pessoas (Isabelle Aguiar/ DIVULGAÇÃO)

Mostra já impactou mais de 30 mil pessoas (Isabelle Aguiar/ DIVULGAÇÃO)

Após passar por São Paulo (SP), Belém (PA) e Ouro Preto (MG), a exposição “Paisagens Mineradas: marcas no corpo-território” chega à capital mineira propondo mais uma reflexão sobre a mineração predatória. A mostra é uma realização do Instituto Camila e Luiz Taliberti, que motivados pelo rompimento da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho, traz o olhar de 12 artistas mulheres para as consequências da mineração nas paisagens do país e na vida dos habitantes. A exposição fica em cartaz de amanhã, 5 de julho, a 9 de agosto, na Funarte de Minas Gerais - Galpão 5, com entrada gratuita. 

A itinerância, que já foi vista por mais de 30 mil pessoas, traz a BH as artistas Beá Meira, Coletivo ASA - Associação de Senhoras Artesãs de Ouro Preto, Isis Medeiros, Julia Pontés, Murapyjawa Assurini (representando o Coletivo Kujÿ Ete Marytykwa’awa), Keyla Sobral, Lis Haddad, Luana Vitra, Mari de Sá, Shirley Krenak, Silvia Noronha e a curadora, que também apresenta uma obra, Isadora Canela. Para garantir a acessibilidade do público, a mostra conta com equipe educativa e audioguia. 

A coordenadora da exposição, Marina Kilikian, diz que trazer essa exposição para Belo Horizonte é um ato simbólico tanto quanto foi em Ouro Preto. “Passamos da antiga capital de Minas, formada pela mineração, para a nova capital, que tem um ideal moderno, de ‘progresso’, mas ainda sofre com a mineração em seu molde mais arcaico, que vem tentando destruir a Serra do Curral”, diz. “A mostra convida os moradores de BH a repensarem o futuro da cidade e do Estado”, completa. 

Entre pinturas, gravuras, videoarte, instalações e fotografias, “Paisagens Mineradas” traz à luz a memória dos que perderam a vida e dialoga com um amanhã possível: as obras retratam devastação, mas também a capacidade de regeneração. O texto de apresentação da mostra diz que a mesma é “um convite à imaginação de um solo fértil. Nessa lama vermelho-sangue, semeamos a vida”. 

Para Aline Vila Real, diretora de Fomento e Difusão Regional da Funarte, a presença da exposição na Funarte é essencial para ampliar o debate, sensibilizar o público e fortalecer a luta por justiça e sustentabilidade. “Além disso, por ser composta por artistas mulheres, ela reforça a relevância do feminino na resistência e na arte”. 

Brumadinho 

Realizador da mostra, o Instituto Camila e Luiz Taliberti busca ampliar o debate sobre os impactos da mineração e conectar territórios afetados por essa atividade. Em memória dos irmãos Camila e Luiz, que perderam a vida no rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019, promove ações culturais e de sustentabilidade que alertam a sociedade para os riscos da mineração predatória. 

Sobre a iniciativa “Paisagens Mineradas”, a presidente do instituto, Helena Taliberti, diz ver a mostra como “uma exposição sobre perda e renascimento”.

“Uma forma de honrar cada vítima, para manter vivas as suas memórias, e uma forma de buscar justiça por meio da arte”, afirma. “Precisamos mostrar para a sociedade o que aconteceu, para que tragédias como essa não se repitam, para que a vida seja priorizada, e para que a morte deles não tenha sido em vão”. 

Pesquisa de público 

Uma pesquisa do Departamento de Museologia da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) junto aos visitantes da mostra em Ouro Preto mostra que 57,7% dos entrevistados afirmam que as obras despertaram sua percepção sobre as populações e territórios atingidos pela mineração, enquanto outros 26,9% disseram que a exposição mudou sua compreensão sobre o tema e os ensinou sobre os impactos ambientais e sociais envolvidos.

Apenas 3,8% considera que o tema, embora educativo, não condiz com sua realidade, e ninguém discordou da abordagem crítica apresentada pela mostra. 

Além disso, 75% dos participantes declaram ter saído da exposição motivados a aprender mais sobre os impactos da mineração, reforçando o papel da arte como ferramenta de conscientização e mobilização social. 

Serviço
Exposição “Paisagens Mineradas”
De 5 de julho a 9 de agosto, de quarta e domingo, das 15h às 20h
Funarte de Belo Horizonte – Galpão 5
Rua Januária, 68 – Centro, Belo Horizonte/MG
Entrada gratuita

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