Pesquisa aponta que em 70% dos casos há crianças no local no momento da agressão

(Fábio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil)
A violência doméstica é uma das principais ameaças à segurança das mulheres no Brasil. E cada vez mais contecendo diante de outras pessoas - em muitos casos, de crianças. É o que aponta a 11ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher realizada pelo Instituto DataSenado e pela Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV).
Das 3,7 milhões de brasileiras que declararam ter vivido episódios de violência doméstica ou familiar nos últimos 12 meses, 71% foram agredidas diante de testemunhas. Em 70% desses casos, havia crianças no local, geralmente, filhos e filhas das mulheres. Ainda assim, em 40% das situações nenhuma testemunha ofereceu ajuda.
Levantamento mostrou também que igrejas e redes pessoais são os canais mais acionados, antes dos serviços públicos. A edição deste ano teve como população-alvo mulheres com 16 anos ou mais, residentes no Brasil.
Esta pesquisa contribui para a atualização do Mapa Nacional da Violência de Gênero, plataforma pública criada para ampliar a compreensão sobre a violência contra mulheres no Brasil. Desenvolvido pelo Observatório da Mulher contra a Violência do Senado Federal, pelo Instituto Natura e a Gênero e Número, o Mapa integra dados e análises de diferentes fontes, oferecendo uma visão abrangente e estratégica para o aprimoramento das políticas públicas de enfrentamento à violência de gênero.
“Essa foi a primeira vez em que a pesquisa investigou a presença de outras pessoas no momento da agressão. O fato de 71% das mulheres serem agredidas na frente de outras pessoas, e, dentre esses casos, 7 em cada 10 serem presenciados por, pelo menos, uma criança, mostra que o ciclo de violência afeta muitas outras pessoas além da mulher agredida“, diz Marcos Ruben de Oliveira, coordenador do Instituto de Pesquisa DataSenado.
De acordo com a pesquisa, apenas 28% das mulheres agredidas registraram denúncia em Delegacias da Mulher e 11% acionaram o Ligue 180, central de atendimento à mulher. Entre recortes de fé, 70% das evangélicas procuraram amparo religioso, enquanto 59% das católicas recorreram a familiares.
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