Colégio de cardeais ficou mais diversificado, explica dom Odilo Scherer
Cardeal dom Odilo Scherer (Paulo Pinto/Agência Brasil)
O cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, disse nesta segunda-feira (21), que “ninguém deverá se surpreender” se o novo papa, a ser escolhido durante o Conclave, seja um asiático ou africano.
“Está nas possibilidades. Se isso acontecer, não significará que a igreja voltou-se só para África ou voltou-se apenas para Ásia, e voltou às costas para América ou voltou a se centrar na Europa. Qualquer um que for escolhido papa deve recuperar o cuidado da Igreja como um todo. Portanto, é o tempo do pontificado que vai depois nos dizer para onde irão as escolhas pessoais que o papa fará”, falou o cardeal.
Dom Odilo destacou que essa variedade de nacionalidades entre as possibilidades para um novo papado decorre do fato de que, durante o pontificado de Francisco, o colégio de cardeais ficou ainda mais diversificado.
“O que mudou é que, desde o papa Francisco para cá, o colégio dos cardeais hoje está muito mais internacionalizado do que antes. A grande maioria dos cardeais não são mais os europeus. As américas Latina e do Norte têm um grande peso. A África tem um peso significativo e a Ásia também tem um peso no Colégio Cardinalício”, explicou.
Para o cardeal, embora ainda não seja possível revelar a nacionalidade ou posicionamento político do novo papa, o que se sabe até o momento “é que ele não será um novo Francisco”.
“Pode até ter o nome de Francisco II, mas não será a imagem semelhante à de Francisco II. Será um outro papa. Ninguém espera um papa a favor da guerra. Ninguém espera um papa que não cuide dos pobres. Ninguém espera um papa que não diga aos padres para que sejam bem formados. Isso é a norma geral. Portanto, o próximo papa será alguém que vai cuidar bem da vida da Igreja e da missão da Igreja. Porém, o próximo papa será uma pessoa humana, não será um robô”, reforçou.
O cardeal destacou que após a morte do papa Francisco, nesta madrugada de segunda-feira, essas “especulações e torcida” sobre o novo pontificado terão início. Apesar disso ser natural, disse, a escolha do novo papa será “resultado de um discernimento coletivo” dos cardeais.
“A escolha do papa não é um conchavo feito anteriormente, já pronto. Isso é fantasia. A escolha do papa vem de um discernimento que se faz em um clima de oração e de um auto-senso de responsabilidade em relação à Igreja. A responsabilidade é pela igreja, não de salvar uma ideologia ou um partido ou um gosto. Não é uma campanha eleitoral”, explicou.
Dom Odilo foi nomeado cardeal em 2007, pelo papa Bento XVI. Um cardeal é a autoridade da Igreja Católica que está mais próxima do papa e que pode participar e votar no Conclave para a escolha de um novo papa. Todos os cardeais com menos de 80 anos de idade, como é o caso de dom Odilo, podem votar no Conclave. E qualquer cardeal pode ser eleito papa.
Em entrevista coletiva concedida na manhã desta segunda-feira, na Catedral da Sé, no centro da capital paulista, antes de celebrar uma missa em homenagem ao papa Francisco, dom Odilo revelou que deve participar do funeral do pontífice e também do Conclave, do qual já participou em 2013 e que elegeu Jorge Mario Bergoglio como papa. Nesse mesmo ano, o nome de dom Odilo chegou a ser especulado entre as possibilidades de ser um novo líder católico.
*com informações da Agência Brasil
Leia mais