(Foto: Ukrainian State Emergency Service/Divulgacão)
“O Putin quebra totalmente as regras do Direito Internacional Público invadindo um país independente, democrático, com presidente eleito. É um país com representação junto à ONU que está sendo invadido de forma agressiva nas últimas 24 horas”, afirma o Doutor em Ciência Política e professor de Relações Internacionais do Ibmec, Christopher Mendonça, sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia iniciada nesta quinta-feira (24).
O professor explica que o presidente russo agiu de forma diferente da anunciada caso as tropas do país avançassem sobre território ucraniano.
“Putin disse que seria uma invasão chamada de especial e atribuía esse termo por ser bastante cirúrgico e específico, atacando apenas pontos militares, por exemplo. Mas o que vimos é que ele atacou diversos pontos civis e há mortos e feridos das duas partes”, aponta.
Mendonça explica que a situação é agravada pelo histórico de tensões da região. O presidente Vladimir Putin manifesta descontentamento com a aproximação entre países da região de influência russa e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
“Em 2008, a Rússia invadiu a Geórgia quando a Otan tinha tratativas com o país. Na própria Ucrânia também aconteceu em 2014, com a anexação da Crimeia. Os Putin afirmam que a Ucrânia não é um país que tem histórico de liberdade e autonomia. Isso é uma característica comum de vários países daquela região, então, se essa for uma condição para invadir, vale para outros”.
Ataque premeditado
“Não foi um ataque sem planejamento, pelo contrário. O Putin já o planejou há alguns anos para demonstrar seu poder na região e demonstrar que a Rússia ainda é um grande país do ponto de vista militar”, afirma o Doutor em Ciência Política.
Mendonça explica que a Rússia tem reservas internacionais em abundância. Esse é um subterfúgio para sobreviver às sanções econômicas aplicadas por países como Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha em represália à escalada militar dos russos.
Para o professor, as sanções não serão suficientes para frear o avanço da Rússia. O cenário para os próximos dias seguirá de conflito bélico, segundo o especialista.
“Isso é uma posição pessoal, é um cenário projetado. Minha opinião é que as sanções não serão suficientes, que a gente ainda vai ter muitas mortes, com ataques constantes e a Rússia não vai parar por aí”, avalia.