(Luiz Costa)
Considerando o comércio internacional, Minas Gerais é mais importante para a Rússia do que a Rússia é importante para Minas, avalia o economista de assuntos internacionais da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), Alexandre Brito. O conflito enter os dois países chegou nesta quinta-feira (24) ao ápice, com ataque das tropas russas a alvos ucranianos.
Segundo Brito, só será possível medir os impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia na economia do Estado após a definição das sanções internacionais à Rússia. Até lá, a indústria mineira segue em compasso de espera. “A gente só vai ter clareza dos impactos na economia quando os países definirem o tipo de sanções que irão aplicar contra a Rússia”, disse.
Minas Gerais é um importante fornecedor de produtos para a Rússia. 90% do ferro-liga comprado pela Rússia sai de Minas Gerais; no caso do café, 70% do produto comprado pela Rússia é produzido em fazendas mineiras. “Mas, apesar dos números altos, a quantidade comprada pela Rússia é pequena dentro das vendas de Minas Gerais e, por isso, o conflito não deve provocar um impacto nas exportações do Estado”, disse o economista.
Ao analisar a pauta de produtos mineiros, Brito avalia que pode haver um aumento de preços no mercado de aço, onde a Rússia desponta como um produtor relevante. Caso existam restrições ao comércio desse produto, pode haver um aumento de preços e beneficiar exportadores mineiros de aço.
O maior impacto será no custo das exportações. A simples existência do conflito deve provocar um aumento nos preços do comércio exterior. “Com o fechamento de portos na região, deve haver uma maior concorrência e um aumento no preço do frete e transporte internacional de produtos”, informou Brito.
Cerco econômico
Os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra a Rússia, em resposta à invasão da Ucrânia. O presidente americano, Joe Biden, disse que haverá restrições envolvendo transações do governo russo em moedas estrangeiras e o bloqueio dos ativos dos quatro grandes bancos russos.
Além dos Estados Unidos, o Reino Unido também anunciou sañções ao governo russo, entre elas, o congelamento financeiro e o banimento de exportações.
O que é uma sanção?
Sanção é uma penalidade imposta por um país contra outro, muitas vezes para impedi-lo de agir de forma agressiva ou infringir a lei internacional. Geralmente, são decisões tomadas para prejudicar a economia e podem incluir proibições de viagens e embargos de comércio.
Alta nos custos de produção
A principal preocupação do agronegócio mineiro em relação ao ataque militar da Rússia à Ucrânia é o aumento do custo da produção das lavouras e da pecuária. De acordo com Aline Veloso, gerente técnica da Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), os custos de produção já vinham de um patamar elevado nos últimos dois anos devido às incertezas causadas pela pandemia da Covid-19 na cadeia produtiva e o sofrimento dos produtores com as geadas e secas que afetaram safras de 2021. “Esse momento de conflito cria um ambiente de preocupação com disponibilidade de insumos para desenvolvimento das safras o que faz com que a gente tenha um olhar mais atento para esse conflito para conseguir comprar desse países”, afirma Aline.
Segundo Aline, ainda é muito cedo para mensurar o tamanho desse impacto, mas se a disponibilidade das matérias primas cai, o preço das commodities, cotados em dólar, valorizam. De acordo com dados da ComexStat, do Ministério da Economia, o principal insumo importado pelo Brasil da Rússia para produção de fertilizantes é o cloreto de potássio. Em 2021, o país importou 3,6 milhões de toneladas da matéria-prima. No entanto, segundo a gerente, não há preocupação em relação à falta de fertilizantes porque é possível movimentar produções brasileiras para suprir essa demanda.