Trama golpista

Servidor da Abin diz ao STF que Ramagem tinha sala no Planalto no governo Bolsonaro

Schneider prestou depoimento por videoconferência como testemunha de defesa do general de Exército Augusto Heleno

Agência Brasil
26/05/2025 às 18:00.
Atualizado em 26/05/2025 às 18:08
ex-diretor da Abin tinha uma sala no Palácio do Planalto e despachava diretamente com o ex-presidente (Valter Campanato/Agência Brasil)

ex-diretor da Abin tinha uma sala no Palácio do Planalto e despachava diretamente com o ex-presidente (Valter Campanato/Agência Brasil)

O servidor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Cristian Schneider afirmou nesta segunda-feira (26) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-diretor do órgão Alexandre Ramagem tinha uma sala no Palácio do Planalto e despachava diretamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro. 

O servidor prestou depoimento por videoconferência como testemunha de defesa do general de Exército Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro e um dos réus do núcleo 1 da trama golpista.  Durante o governo Bolsonaro, a Abin estava subordinada ao GSI. 

Durante a oitiva, o servidor confirmou que Ramagem fazia reuniões com o ex-presidente por ser uma indicação de Bolsonaro, e não de Heleno, a quem a Abin estava subordinada. 

“O ex-diretor tinha uma sala no Palácio do Planalto e tinha reuniões com o presidente da República", afirmou. 

Perguntado se a situação era comum, o servidor disse que considera inédito o diretor da Abin ter uma sala no Planalto. 

“Na verdade, pela minha experiência, a primeira vez que a Abin teve sala no Palácio do Planalto foi no governo Bolsonaro. Nos governos anteriores, não era a prática”, completou. 

Além de Bolsonaro, Ramagem é um dos réus da trama golpista. O ex-diretor é acusado de usar a estrutura do órgão para espionar ilegalmente desafetos do ex-presidente. 

Depoimentos

Entre os dias 19 de maio e 2 de junho, serão ouvidas testemunhas indicadas pela acusação e as defesas dos acusados.

Após os depoimentos das testemunhas, Bolsonaro e os demais réus serão convocados para o interrogatório. A data ainda não foi definida.

Núcleo 1

Os oito réus compõem o chamado núcleo crucial do golpe, o núcleo 1, e tiveram a denúncia aceita por unanimidade pela Primeira Turma do STF em 26 de março. São eles:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Walter Braga Netto, general de Exército, ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022;
  • General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa;
  • Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

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