Uma audiência realizada no Senado dos Estados Unidos nesta quarta-feira sobre como coibir a violência armada contou com a participação da ex-deputada Gabrielle Giffords, que foi alvejada na cabeça dois anos atrás durante um evento com eleitores. Devagar e pausadamente ela leu uma curta declaração pedindo aos legisladores que ajam rapidamente.
"A violência é um grande problema", disse Giffords, democrata que foi deputada pelo Arizona. "Nós devemos fazer algo. Será difícil, mas a hora é agora. Vocês precisam agir. Sejam ousados, sejam corajosos. Os norte-americanos contam com vocês."
A ex-deputada, cujas declarações não eram esperadas, foi escoltada até a sala de audiências por seu marido, o ex-astronauta Mark Kelly. "Muitas crianças estão morrendo", afirmou ela.
Kelly e Giffords, eles próprios proprietários de armas, destacaram a natureza complicada da luta política. O casal formou um comitê de ação política chamado Americanos por Soluções Responsáveis para apoiar os deputados e senadores que são favoráveis à restrição de posse de armas.
"Somos apenas dois norte-americanos sensatos que disseram 'chega'", disse Kelly. Ele acrescentou que o país "não está assumindo a responsabilidade pelos direitos de posse de armas que os fundadores do país nos conferiram".
Legisladores e testemunhas concordaram que algo precisa ser feito para interromper a violência armada, mas não chegaram a um acordo sobre o que fazer. A maioria não chegou a endossar a proibição a certas armas semiautomáticas, chamadas de armas de assalto, dentre eles o próprio Kelly. Muitos falaram sobre a necessidade de limitar o tamanho dos pentes de munição.
"Vamos ter uma conversa cuidadosa e civil sobre a letalidade das armas de fogo que permitimos que sejam compradas e vendidas legalmente", disse Kelly, após ter lembrado que o atirador que atingiu sua mulher em Tucson esvaziou seu pente, que continha 33 balas, deixando 33 feridos. "Nós devemos nos unir e decidir onde desenhar a linha, de forma que proteja nossos direitos e as comunidades também."
A sessão desta segunda-feira marcou a primeira audiência sobre a questão da violência armada desde o tiroteio ocorrido em dezembro na escola primária Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, que deixou 20 crianças e seis professores e funcionários mortos. Segundo o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, Giffords e Kelly se reuniriam com o presidente Barack Obama na Casa Branca, ainda nesta quarta-feira. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.
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