Depois da noite e madrugada de depredação diante de uma PM impotente, o governador Sérgio Cabral (PMDB) convocou a cúpula da Segurança e os chefes do Ministério Público, Defensoria Pública, Ordem dos Advogados do Brasil e Tribunal de Justiça para discutir a crise. E, apesar de ter convocado coletiva de imprensa, não apareceu.
A principal medida prática só foi anunciada na noite de quinta-feira, 18: uma comissão com policiais e integrantes do MP e do governo estadual vai investigar os atos de vandalismo. Informou-se ainda que o Ministério Público fotografou e filmou os protestos.
Durante o dia, em duas entrevistas, Cabral colheu confissões da cúpula da Segurança sobre a incapacidade para conter o quebra-quebra e, dos demais órgãos, declarações de apoio à democracia. No último momento, sua assessoria informou que, diferentemente do anunciado, o governador não falaria, porque "estava em reunião". Em seu lugar, o governo divulgou breve e protocolar nota.
"Os atos de vandalismo na madrugada de ontem no Leblon e em Ipanema são uma afronta ao Estado Democrático de Direito", disse Cabral, na nota. "O governo reitera a sua posição de garantir, por meio das forças de Segurança Pública, não só o direito à livre manifestação, como também o de ir e vir e a proteção do patrimônio público e privado." No protesto, além de gritos contra Cabral houve críticas ao gasto de dinheiro público na viagem do papa Francisco ao Rio.
Enquanto o governador continuava fechado no Palácio, sua equipe policial exibia perplexidade. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame; a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha; o comandante-geral da PM, coronel Erir Ribeiro da Costa Filho; e o chefe do Estado-Maior Operacional, coronel Alberto Pinheiro Neto, revelaram não saber o que fazer. Declarações de desconhecimento das passeatas articuladas via redes sociais se misturaram a problemas jurídicos para manter suspeitos presos e críticas ao acordo com entidades para moderar o uso de gás lacrimogêneo.
Uma das constatações foi de que a ausência de líderes claros impede a negociação. Para Beltrame, as autoridades estão "lidando com turba" e, nesses casos, não há um manual de como atuar. "Não podemos ter um plano engessado porque os protestos são flexíveis." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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