Governo rechaça idéia de taxar as exportações

Jornal O Norte
26/11/2007 às 14:46.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:24

Se depender do Brasil, a Argentina verá frustrada sua proposta de convencer os países do Mercosul a tributar suas exportações de commodities para assegurar suprimento interno e se beneficiar do aquecimento de preços no mercado mundial.

- Se a Argentina resolve adotar isso como política é questão interna dela. Mas não aconselho para o Brasil e muito menos acho aceitável um acordo no Mercosul para tributação de produtos agrícolas, disse o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

Segundo o ministro, a Argentina vive situação bem diferente da brasileira em relação aos grãos, por exemplo.

- Além do câmbio ser totalmente favorável, o custo da energia é muito mais barato, eles têm problemas de infra-estrutura menores que nós, não tem que trazer a soja do Mato Grosso por 3.000 quilômetros de estrada provavelmente ruim.

Em entrevista na semana passada, o secretário de Comércio Exterior brasileiro, Welber Barral, já havia adiantado que a tendência do governo é desonerar exportadores, em vez de elevar alíquotas.

- Há várias iniciativas do governo tentando desonerar as exportações. Nenhum país do mundo quer onerar as exportações, porque gera empregos, diz.

A Argentina já taxa suas exportações de trigo, soja e milho para evitar que boa parte da produção vá para o exterior. A medida tem reflexo direto nos preços no Brasil, que produz só 40% do trigo que consome.

O secretário de Comércio Internacional da Argentina, Alfredo Chiaradia, defendeu em entrevista ao "Valor" que o Mercosul tributasse as exportações de grãos, carnes e lácteos, dados os altos preços no mercado mundial.

A proposta argentina, segundo Chiaradia, será apresentada na reunião de cúpula do Mercosul prevista para 17 e 18 de dezembro em Montevidéu.

Segundo a CNA (Confederação Nacional da Agricultura), a tributação sobre as exportações levou a Argentina a perder mercado. Enquanto o país vizinho caiu da 3ª para 7ª posição no ranking de exportadores de carne, o Brasil assumiu a liderança.

- É uma distorção do comércio agrícola internacional, uma prática em desuso, contraproducente e que prejudica os produtores. O Mercosul ficaria desacreditado se entrasse numa canoa furada dessas, disse Donizeti Beraldo, coordenador de Comércio Exterior da CNA.

- Sou visceralmente contra. Quem vai tirar vantagem é a Argentina, para o Brasil não é interessante, disse Roberto Segatto, presidente da Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior). (Fonte: Folha)

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por