Grande BH mantém tradição de 200 anos com banho de cachaça em imagem sacra para curar dores
Imagem é banhada com cachaça por moradores (Luís Xavier/Divulgação)
Uma tradição de mais de 200 anos marca parte das celebrações da Sexta-feira da Paixão em Morro Vermelho, distrito de Caeté, na Grande BH. Fiéis dão um banho de cachaça na imagem do Senhor Morto para evitar que a escultura de madeira seja alvo de cupins ao longo dos anos. A mesma aguardente é reutilizada pelos devotos para curar dores.
O ritual também ocorre na Quarta-feira de Cinzas, mas com a peça sacra de Nosso Senhor dos Passos. Em meio ao mistério da fé, as imagens sacras da Matriz de Nossa Senhora de Nazareth, do século 18, nunca sofreram com a ação dos insetos, conforme constatado por técnicos do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG).
A tradição conta com forte apoio popular. A história se perpetuou, passando de geração para geração. Não há registros escritos sobre o ritual. As informações disponíveis dão conta de que uma moradora do distrito estava com muita dor de cabeça e foi aconselhada a passar um pouco de aguardente no local para curar a dor. Pouco tempo, estava curada.
Além da cachaça, os fiés acreditam em outros poderes relacionados à imagem. As pessoas amarram barbantes em partes da peça e colocam a coroa de espinhos na cabeça, também para curar alguma enfermidade.
"É preciso ter muita fé. Só acontece com quem acredita", diz a moradora de Morro Vermelho, Lúcia Marques, de 87 anos. De acordo com ela, o marido se curou dessa forma de uma dores pelo corpo.
Segundo a devota Adriana Pinheiro, que auxilia na organização, a imagem fica guardada no sepulcro. "Os colabadores a retiram após a celebração e ela fica exposta. A partir daí, se aproximam e vão pegando a cachaça, guardando e também amarrando os barbantes". Segundo ela, a paróquia recebe doações de cachaça de várias regiões do Estado.
Quarta-feira de Cinzas
O ritual também ocorre com a imagem de Senhor dos Passos na Quarta-feira de Cinzas. Porém, apenas com a presença de homens, sendo realizado em absoluto silêncio. As tradições foram suspensas durante a pandemia e retomadas somente em 2022.
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(Luís Xavier/Divulgação)
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