Greve dos servidores: caminhando para o fim

Do Hoje em Dia
29/08/2012 às 06:13.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:50

A greve de 80 mil servidores públicos federais, segundo o Ministério do Planejamento, ou de 350 mil, de acordo com os sindicalistas, está caminhando para o fim. Para milhões de brasileiros, é um alívio, tendo em vista os prejuízos provocados por paralisações que parecem incompreensíveis para trabalhadores que ganham bem menos e não têm garantia de emprego.

O governo afirma que já assinou acordos com diversos sindicatos do funcionalismo. Na sexta-feira (31) encerra-se o prazo para envio ao Congresso Nacional do Orçamento para o ano que vem, com a previsão de gastos com a folha de pagamento dos servidores. Mas muitos líderes sindicais acreditam na possibilidade de reabertura das negociações, incrementando manifestações de rua ou procurando apoio político. Como faz o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), que está convocando para hoje debate no Senado, com a intenção de envolver o Legislativo no esforço para reabrir as negociações.

Para os professores universitários, que estão em greve há 105 dias, o reajuste oferecido varia entre 25% e 40%, nos próximos três anos. Além disso, haverá redução do número de níveis de carreira, de 17 para 13. Com esse reajuste, a folha de pagamentos de professores e servidores administrativos das universidades vai aumentar em R$ 7,1 bilhões.

Uma das categorias mais bem pagas do funcionalismo público federal, os auditores fiscais, com salário inicial de R$ 13,9 mil, ameaçam parar hoje por 48 horas, numa tentativa de pressionar o governo a elevar o reajuste de 15,8% oferecido a todo o funcionalismo, com exceção dos professores. O aumento seria dado em parcelas nos próximos três anos, elevando em R$ 18,95 bilhões os gastos com a folha salarial do governo. Desde 2003, os auditores tiveram reajustes de 50% acima da inflação.

A presidente Dilma Rousseff, provável candidata à reeleição em 2014, parece disposta a resistir às pressões salariais. Os sindicatos que não querem assinar o acordo válido por três anos ameaçam nova greve nos próximos anos, para causar embaraços à futura candidata. Essa expectativa poderá apressar a regulamentação, prevista na Constituição de 1988, do direito de greve do funcionalismo público.

Passados 24 anos, nenhum governo se animou a regulamentar esse direito, garantindo um mínimo de serviço público ao povo. Talvez Dilma, primeira mulher presidente, se anime a isso. Fazendo-o, ficará ainda mais popular.

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