Gripe aviária: uma ameaça cada vez mais próxima

Jornal O Norte
16/03/2006 às 10:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:31

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

A ONU - Organização das Nações Unidas anuncia que em aproximadamente um ano a gripe aviária deve chegar às Américas. Mas o médico veterinário, Denis Lúcio Cardoso afirma que tudo depende das rotas migratórias de animais silvestres e do controle sanitário executado pelas equipes de epidemiologia que atuam nos países afetados como no continente Europeu, Africano e Asiático.

(Foto: Wilson Medeiros)

Para chegar ao Brasil, Denis explica que primeiro a gripe aviária deverá se manifestar no Canadá e nos Estados Unidos, isso tendo como base o tipo H5 N1 que se manifesta de ave para homem. Caso o vírus sofra mutação, e a disseminação ocorra de homem para homem como temem os especialistas é possível que a gripe então chegue às Américas num prazo médio de três meses. Por enquanto o vírus não sofreu nenhuma mutação e o combate está sendo feito em todos os paises afetados.

MUTAÇÃO

Há a probabilidade de acontecer uma mutação de homem para homem porque ele tem esse tipo de vírus em sua família.

- Se essa hipótese acontecer pode haver uma pandemia no mundo.

Vale lembrar, defende Denis, que a mutação só pode ocorrer numa replicação viral patogênica onde haja transmissão para outros animais, tipo mais simples da gripe.

- O Brasil pode ser alvo da gripe aviária, mas tudo ainda é incerto, porque há especialistas trabalhando nesse caso arduamente, o que pode significar redução no risco - ressalta.

O ministério da Agricultura já está tomando providências quanto a esse assunto, tanto que já tem em mãos o manual de contingências mesmo antes de findar as buscas de saídas contra a gripe aviária.

Denis disse que com base no quadro atual da disseminação do vírus, acredita que tendo o Brasil duas rotas migratórias e levando em consideração a distância que as aves têm que fazer para chegar daria um ano e meio para a chegada do vírus, isso se as aves infectadas sobreviverem até o final desse percurso.

- Mas só se o vírus estiver bem incubado.

PRODUÇÃO

Devido a esse quadro os avicultores de Minas Gerais, conforme noticiou a Agência Estado resolveram diminuir sua produção por recomendação da UBÁ - União brasileira de avicultura. O Sul de Minas é a região do estado que mais tem granjas, o contrário do Norte de Minas que conforme o veterinário tem em média três.

Outra probabilidade lembrada pelo veterinário é quanto às aves caipiras, criadas soltas em quintal. Por elas terem mais contato com animais silvestres é mais fácil que obtenham e disseminem o vírus da gripe do que frangos de granja, onde os cuidados são redobrados. Como no Norte de Minas a maioria dos produtores vive da agricultura familiar e por sua vez cria galinhas no quintal, a chegada da gripe aviária poderia causar muitas perdas.

A UBA quer ainda reduzir o número de matrizes e alojamento de pintinhos de um dia no estado. De acordo com a superintendente da Avimig - Associação dos avicultores de Minas Gerais, Marília Marta Ferreira, a meta da UBA é reduzir em até 25% a produção brasileira de frangos.

RANKING

Minas Gerais ocupa o quarto lugar na produção nacional com total de 3,6 milhões de frangos por ano ou 680 mil toneladas, representando 8% do total e é o segundo maior produtor de ovos do Brasil, com uma oferta de 6,6 milhões de caixas de 30 dúzias por ano, que representam 14% da produção brasileira.

Nos últimos dois meses a oferta excedente gerada pela queda das exportações de carne de frango e a redução da demanda provocaram uma retração de cerca de 11% dos preços médios do frango abatido em Minas, atualmente situado em R$ 1,50 o quilo.

A mesma pressão vêm sendo observada no valor dos ovos no mercado mineiro, que vêm sendo vendidos abaixo dos custos de produção a R$ 1 a dúzia no atacado, conforme informou em nota a Agência Estado.

Embora os custos de produção para a carne de frango estejam estáveis, principalmente no que se refere às cotações de milho e soja, os produtores já começaram a abater as matrizes mais novas, até que seja atingido o equilíbrio entre oferta e demanda.

- Estamos orientando também a formação de alojamentos por um período maior e a redução do número de lotes de pintinhos de um dia, mas o corte de produção já começou.

PINTOS DE CORTE

O estado mineiro é responsável por um total anual de 360 milhões de pintos de corte, ou 8,42% da produção nacional.

A expectativa da superintendente da Avimig é de que o governo brasileiro defina logo o Plano de prevenção contra a Influenza Aviária para que países da Ásia e Europa voltem a adquirir a carne de frango brasileira. Analisa que já está provado que o vírus da gripe aviária não suporta as altas temperaturas do clima tropical e que a probabilidade de que o país não tenha contaminação é muito alto.

- Quando os países importadores perceberem isso, o destino da compra de carne de frango certamente será o Brasil - acredita.

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