Uma semana após o desaparecimento do jornalista Anderson Leandro, de 38 anos, as investigações ainda não avançaram. De acordo com o delegado Sivanei de Almeida Gomes, do grupo Tigre, equipe de elite da Polícia Civil do Paraná que assumiu o caso nesta terça-feira (16), os policiais "estão começando do zero".
"Se os próprios familiares que estão ali no convívio, conhecem o histórico dele, não indicaram, não apontaram nenhuma causa provável para o desaparecimento...; ele não tem nenhuma desavença, nenhum problema, inimizade, não estava sendo ameaçado; então, é uma situação que estamos começando praticamente do zero", disse.
Leandro desapareceu na quarta-feira (10), após sair da produtora Quem TV, onde trabalha como produtor. Ele seguiria para Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba, a trabalho. Leandro deixou a produtora em seu carro, um Kangoo branco, placas AON-8615. Depois disso, não deu mais notícias. Segundo a polícia, o celular dele não tem registros de ligações e o carro não foi visto registrado por nenhuma câmera.
A irmã de Anderson, Alaerte Leandro Martins, disse que os parentes, que moram em Mato Grosso e em Minas Gerais, se reuniram em Curitiba para auxiliar na busca. "Nós vasculhamos toda a vida dele, nós, os irmãos, não achamos dívida nenhuma, também ninguém pediu pagamento de nada, sequestro muito menos porque ele não era rico", disse. Alaerte afirmou que o desaparecimento pode estar relacionado com o trabalho que ele realizava, ligado aos movimentos populares.
Na opinião de Agenor Batista Silva, irmão da vítima, há certa "frustração" com o trabalho policial. "As informações repassadas são informações que a família tinha, que apuramos. Nós que corremos atrás para que passasse da Delegacia de Vigilância e Captura para o Tigre. Nossa preocupação é a seguinte: onde ele estiver, não está confortável e, cada dia que passa, tem menos possibilidade de chegar vivo", reclamou.
Já o professor de Jornalismo Valdir Cruz passou a ser ameaçado ao acompanhar o caso e postar mensagens em sua página do Facebook. "Alguém ligou de um telefone sem identificação e que não deixou rastro e perguntou se eu queria se o próximo a desaparecer", disse. Ele acredita que há mais coisas envolvendo o sumiço do jornalista.
Leandro chegou a ser atingido por uma bala de borracha em 2008 quando fazia filmagens de uma desocupação na Cidade Industrial, bairro da periferia de Curitiba. As imagens da violência policial custaram o cargo de oficiais que comandavam a operação. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor) emitiram notas pedindo agilidade e rigor nas buscas pelo jornalista desaparecido.
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