SÃO PAULO - O grupo opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos afirmou nesta segunda-feira (6) que pelo menos 42 soldados morreram no bombardeio do Exército de Israel ao complexo militar de Jamraya, a 60 km de Damasco, na madrugada de ontem.
O ataque foi inicialmente informado pelo regime sírio e confirmado por integrantes do governo de Israel, mas ainda não houve declaração oficial sobre a ação. Segundo os funcionários israelenses, a intenção era destruir um carregamento de mísseis iranianos destinados ao grupo radical libanês Hizbollah.
Segundo o presidente da entidade, Rami Abdel Rahman, cerca de 150 soldados faziam a defesa da região no momento do ataque. Além dos mortos, outros cem militares ainda estão desaparecidos. O regime sírio ainda não comentou sobre vítimas do ataque israelense.
Ontem o ministro da Informação da Síria, Omram al Zoubi, disse que o ataque foi uma "declaração de guerra" que pode se estender a outros países do Oriente Médio. Para Zoubi, o bombardeio faz com que a região se torne mais perigosa, além de ser uma flagrante violação às leis internacionais".
Ele enviou duas cartas à ONU para pedir providências para evitar bombardeios israelenses. Já o comandante do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, negou a acusação de Israel sobre os mísseis que, para ele, "faz parte de uma guerra de propaganda contra a Síria".
Em entrevista, o militar afirmou que o regime sírio não precisa de armas iranianas e que, se os israelenses continuam a atacar, "vão ocorrer acontecimentos graves na região e os Estados Unidos e o regime sionista não serão os vencedores".
Embora a retórica do regime sírio seja de guerra com Israel, é improvável que Assad provoque um conflito, em especial pelo uso de todo o efetivo do Exército sírio para combater os grupos rebeldes e pela disparidade das forças sírias em relação às israelenses.
Por outro lado, fontes militares dizem que Israel não está disposto a tomar partido na guerra civil da Síria, por temer que suas ações ajudem militantes islâmicos que são ainda mais hostis a Israel do que a família Assad, que tem mantido uma posição estável com o Estado judeu por décadas.
Reações
Em comunicado, a Rússia disse estar muito preocupada com a informação sobre o ataque israelense que, para Moscou, pode acelerar a ocorrência de uma intervenção militar no país árabe e aumentar a tensão em países vizinhos, como o Líbano.
O governo do país, um dos aliados de Assad, afirmou que também é preciso despolitizar a questão das armas químicas e autorizar que a missão da ONU (Organização das Nações Unidas) investigue as suspeitas de uso do armamento por rebeldes e o governo.
Já a China afirmou ser contra o uso da força militar no conflito sírio e considerou que houve desrespeito à soberania da Síria no ataque israelense. A declaração é feita no mesmo dia em que o presidente Xi Jinping receberá o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.