O grupo rebelde ultraconservador sírio Ahrar Al-Sham nomeou um novo líder e um chefe militar nesta quarta-feira, menos de 24 horas depois de uma explosão matar cerca de doze de seus comandantes em um ataque.
Um porta-voz do grupo disse, em pronunciamento em vídeo publicado online, que Hashem Al-Sheik, também conhecido como Abu Jaber, assumiria a liderança geral do grupo e que Abu Saleh Tahan preencheria o papel de comandante militar.
Pouco se sabe sobre ambos e não está clara qual direção o grupo irá tomar. A decisão vai impactar a ampla cena rebelde porque Ahrar Al-Sham é um membro líder da Frente Islâmica, aliança de sete grupos rebeldes conservadores e ultraconservadores.
A Frente Islâmica quer criar um estado islâmico na Síria, rejeita a oposição política no exílio apoiada pelo Ocidente, mas frequentemente colabora com grupos rebeldes da corrente principal, apoiados pelos EUA e seus aliados. Nos últimos meses, contudo, algumas facções dentro da aliança adotaram uma posição mais moderada, potencialmente como um caminho para ser apoiada pelos EUA.
O novo líder do Ahrar Al-Sham pode conduzir o grupo nessa direção ou estipular um novo rumo mais alinhado com a Frente Nusra, que é ligada à Al-Qaeda, e outros grupos radicais.
O Ahrar Al-Sham é uma das forças mais constantes e efetivas na luta pela deposição do presidente Bashar Assad na guerra civil síria. O grupo também tem estado na linha de frente de uma batalha de nove meses no norte da Síria contra o grupo extremista Estado Islâmico.
A morte de diversos de seus líderes tornou o futuro do Ahrar Al-Sham incerto, ao mesmo tempo em que também revelou a dinâmica da ampla cena síria anti Assad no momento em que os EUA estão considerando entrar no conflito por meio da perseguição ao Estado Islâmico. Os esforços de Washington para derrotar os extremistas pode incluir o aumento de apoio aos rebeldes sírios.
Os EUA têm olhado com desconfiança para o Ahrar Al-Sham, por considerar o grupo muito radical e alinhado à Frente Nursa. Por esse motivo, o apoio limitado que os EUA têm dado aos rebeldes não é direcionado ao Ahrar Al-Sham.
A questão agora é se Ahrar Al-Sham consegue sobreviver à perda de quase todos seus altos membros, incluindo o líder Hassan Aboud. Eles foram mortos na noite de terça-feira, em uma explosão que atingiu uma reunião da alta cúpula do grupo, na cidade de Ram Hamdan, na província síria de Idlib.
Não ficou claro quem estava por trás da explosão e há depoimentos conflitantes sobre a natureza do episódio. O Ahrar Al-Sham descreveu o ataque como a explosão de um carro-bomba. Fonte: Associated Press.
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