Há 20 anos: Atlético encarava o Milan de Weah e Maldini na despedida de Toninho Cerezo

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
02/08/2017 às 13:16.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:52
 (Reprodução/Hoje em Dia)

(Reprodução/Hoje em Dia)

A camisa número 100, em homenagem ao centenário de Belo Horizonte, foi o manto alvinegro no qual o ex-volante Toninho Cerezo se despediu do futebol profissional, dando adeus em volta olímpica no Mineirão para a massa do Atlético. Há exatos 20 anos, no Mineirão com 30,7 mil espectadores, o Galo arrancava um empate de 2 a 2 no final da partida contra o todo-poderoso Milan de George Weah e Paolo Maldini, treinado por Fábio Capello.

Já não era o Milan bicampeão da Liga dos Campeões entre 1989 e 1990, mas continha estrelas da equipe que ainda brilhava na Europa, com no título da UCL de 1994 e os vices de 1993 e 1995 da própria Champions. Convidado para a Copa Centenário, a equipe italiana marcou a estreia do Atlético na competição, que acabaria sendo vencida pelo próprio alvinegro.Reprodução/TV Globo

Velhos adversários, Maldini e Cerezo se
cumprimentam na saída de campo do volante

Toninho Cerezo, então um senhor de 42 anos, atuou por 16 minutos apenas. O suficiente para marcar o 400º jogo de sua história pelo "Glorioso". E reencontrou velhos adversários, uma vez que teve passagem marcante pelo Calcio, defendendo Roma e Sampdoria.

Até chegou a receber um convite para jogar no Milan em 1996, mas não foi para frente e venceu um Mundial de Clubes pelo São Paulo, em 1993, justamente contra a equipe do San Siro. No Japão, inclusive, ele foi eleito o melhor jogador da partida.  

"Eu tinha um pré-contrato de dois anos assinado com o Milan. Seria o grande contrato da minha vida, mas depois eu fui cortado da Copa do Mundo no México (1986) e acharam que eu estava acabado para o futebol. Voltei para a Itália, joguei seis anos e ganhei a Copa Itália", disse Cerezo, à época.

Na saída de campo, aplaudido intensamente, o camisa 100 foi acompanhado até a linha de fundo por Paolo Maldini, um dos maiores zagueiros e laterais esquerdos da história do futebol, capitão do Milan, que teve a camisa 3 aposentada pelo clube italiano ao se retirar em 2009, aos 41 anos, com mais de 900 partidas no rossonero.

O JOGO CONTRA ESTRELAS

O Galo começou mal na partida, sob encanto de um dos maiores jogadores africanos da história. O liberiano George Weah era um dos mais temidos atacantes do futebol mundial e fez dois gols logo no primeiro tempo. Sendo que no primeiro gol, ele driblou a defesa inteira do Atlético e tocou de forma sutil na saída de Taffarel, no cantinho. 

Weah, eleito pela FIFA como o melhor jogador do mundo de 1995, ficou em segundo lugar na disputa do troféu de 1996, atrás de Ronaldo Fenômeno. O africano, portanto, visitava BH como o então atual segundo melhor jogador do mundo.

Na defesa milanesa, outro monstro sagrado. Paolo Maldini, dono de recorde de mais partidas na história do Milan, enfrentava o Atlético tendo sido eleito o segundo melhor jogador de futebol do planeta em 1995, ano em que o companheiro Weah ficou no topo. O atacante, inclusive, também venceu o prêmio Bola de Ouro da revista France Football, o mais valoroso troféu individual para quem jogava na Europa.Reprodução/Hoje em Dia

O Atlético só conseguiu se recuperar na partida aos 36 minutos do segundo tempo, quando já havia trocar o uniforme branco, especial para o centenário de BH, pela camisa tradicional. Jorginho, homem de confiança do técnico Emerson Leão, que chegou ao Galo já veterano, mas com uma digna classe de camisa 10, diminuiu. Depois, Hernâni, que entrou no lugar de Valdir Bigode, deixou tudo igual em 2 a 2 aos 47 minutos do segundo tempo. 

Na equipe italiana, além de Weah e Maldini, Capelo tinha sob seu comando estrelas como o zagueiro Costa Curta, o meia-atacante Savicevic (perdeu a Bola de Ouro de 1991 para o francês Jean-Pierre Papin), e o maestro croata Boban, que faria estrago com a Croácia na Copa do Mundo de 1998, além do brasileiro André Cruz, também convocado por Zagallo para o Mundial de 1998. 

O Galo não ficava muito atrás. Afinal, era o time que seria bicampeão da Conmebol no fim do ano. Os comandados de Leão eram o goleiro Taffarel - também Copa do Mundo de 1998 -, além de Dedê e Doriva (outro selecionável para o Mundial de França), o ídolo Marques e o artilheiro Valdir. 

Taffarel, outro com passagem pelo futebol italiano, era o grande cartaz do Galo no torneio. Entretanto, ele só atuou na partida contra o Milan, e mesmo assim foi substituído no decorrer do jogo por Paulo César Borges. O pegador de pênaltis iria viajar para servir a Seleção nos amistosos contra Japão e Coréia do Sul.

INGRESSOS

Apesar de não ter ficado lotado, o jogo entre Atlético e Milan teve um bom público. Sábado à tarde, virou atração para a história do Galo. 30 mil pagantes para uma renda de R$ 287,7 mil. Em média, cada torcedor pagou cerca de R$ 9,35 pelo ingresso, na época em que este valor representava 7,8% do salário mínimo (de R$ 120).

Se Atlético e Milan reeditassem aquele confronto hoje, e o ingresso da partida fosse de valor percentualmente semelhante ao de 1997, tendo o salário mínimo como base, o torcedor alvinegro iria gastar, em média, R$ 73 pelo ticket. Há 20 anos, entretanto, o atleticano pôde comprar um carnê para ver os jogos do Galo na temporada.Arquivo Pessoal/Dalton Estrela / N/A

Ingresso do duelo entre Atlético e Milan em 2 de agosto, pela Copa Centenário

ATLÉTICO 2X2 MILAN

Atlético: Taffarel (Paulo César Borges); Dedimar, Sandro Blum, Luiz Eduardo e Dedê; Doriva, Bruno (Bruno), Jorginho (Lincoln) e Toninho Cerezo (Almir); Marques e Valdir (Hernâni). Técnico: Emerson Leão

Milan: Taibi; Bogarde, Costacurta, Maldini e Ziege; André Cruz, Savicevic (Smoje), Boban e Blomqvist (Robert); Ibrahim Ba (Cardone) e George Weah. Técnico: Fábio Capello 

Gols: Weah, aos 16'/1ºT e 30'/1ºT Jorginho, aos 36'/2ºT e Hernâni, aos 47'/2ºT
Arbitragem: Lincoln Afonso Bicalho, auxiliado por Sebastião Abreu e Pasqualino de Souza Lima
Cartões amarelos: Dedimar (CAM); Costacurta, Savicevic e Ba (ACM)
Cartão vermelho: Bogarde (ACM)
Público: 30.768 pagantes
Renda: R$ 287.702,00

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