Há quatro anos a arroba chegou ao preço de R$ 70: pecuaristas querem repor seus pastos, mas a crise do setor baixa preço da arroba do boi

Jornal O Norte
20/06/2006 às 12:04.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:38

Valéria Esteves


Enviada especial

Tempo do produtor repor os pastos com a compra de animais. Tem sido constantes as investidas dos pecuaristas em adquirir mais gado em leilões; mas para quem está acostumado a comprar machos e fêmeas a parcelas superiores a R$ 300, se surpreendeu com os baixos preços cotados durante o 41º leilão de reprodutores e matrizes da raça nelore puro de origem da Codevasf- Companhia de desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba e convidados. O leilão que acontece em Brasilândia de Minas, 340 km de Montes Claros, há cerca de 41 anos, reuniu no último fim de semana mais de 80 produtores interessados em adquirir bons touros e boas vacas e bezerros.




(fotos: Codevasf)

Nesse ano, o leilão rendeu cerca de R$ 139 mil, valor inferior ao do ano passado que alcançou a marca dos R$ 230. Segundo a Codevasf foram postos em leilão 55 lotes de nelore, sendo 41 touros e 12 lotes de fêmeas da Codevasf e dos convidados. A companhia informou ainda que no ano passado foram leiloados menos animais, mas os preços foram mais altos. Com a divisão dos lucros, a empresa ficou com aproximadamente R$ 80 mil.

Hoje a arroba do boi rastreado tem se fixado em R$ 42 no Norte de Minas e R$ 50 em regiões como Mato Grosso do Sul, um dos principais centros de comercialização de gado do país. Os pecuaristas contam que na cotação para exportação, a arroba custa na atualidade US$ 40. Há quatro anos, a arroba chegou ao preço de R$ 70 e conforme a Confederação nacional de agricultura, esse valor teve queda significativa. Os registrado nos últimos anos apontam que a mesma não tem passado de R$ 55 em todo território nacional.

Por enquanto o boi gordo de 18 arrobas ainda está em alta, mas com a chegada da seca os produtores já pensam em povoar seus pastos com o boi magro.   

O Brasil passa por um momento de crise no setor agropecuário na qual incide do endividamento dos pecuaristas com o sistema bancário bem como como com os fornecedores.

Para Francisco Moura Santiago, produtor de Paracatu, Noroeste de Minas, que comprou apenas um lote de fêmeas, a situação não é de gastança e sim de recuo nos gastos. Ele que participa dos leilões da Codevasf há 41 anos acredita nunca ter visto uma época tão difícil como a de agora.

Na última quarta-feira, o governo federal informou que para a agropecuária haverá um desconto de até 20% sobre as dívidas. Só que os pecuaristas não estão satisfeitos.

- Eu contrai uma dívida de R$ 60 mil e com o desconto vou pagar cerca de R$ 48 mil o que não muda muita coisa, já que tenho outras contas a pagar com meus fornecedores,diz, Francisco.

O preço da arroba do boi tem grande relação com a cotação do dólar, já que o Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo.

O que os pecuaristas reclamam é que independente da variação do dólar, os preços dos insumos e de sementes continuam em alta.

EM BRASILÂNDIA DE MINAS

Paralelo ao leilão acontecia a exposição agropecuária de Brasilândia que reuniu dezenas de pessoas. Mas ainda dentro do centro agropecuário da Codevasf, onde acontecia o leilão, o forró aquecia o friozinho que insistia em aparecer. Mais de 150 pessoas dançaram um forro para ninguém botar defeito.

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