(Francisco Cepeda/AgNews)
Hebe Camargo morreu às 11h45 de um sábado, dia 29 de setembro de 2012. Menos de 12 horas antes, ela sorria em sua casa, no Morumbi, zona sul de São Paulo, ao lado do sobrinho e empresário Claudio Pessutti. Fazia planos, falava sobre a volta ao SBT, parecia querer gravar um programa ali mesmo, naquele instante. Antes de pegar no sono, chamou o sobrinho para dizer algo a ele e a si mesmo. "Pode deixar que amanhã eu vou estar bem melhor."
Quando a manhã chegou, Hebe já era um gigante. A TV que ajudou a fundar no Brasil parou para noticiar uma morte da qual ela sempre duvidou e contar uma história que ela própria parecia atenuar. Hebe jamais mencionou a preservação de sua memória por não gostar nada desse assunto e por entender que sua vida não era nem um pouco maior do que a vida de seus câmeras e seus iluminadores. Mas era sim.
Mais de 70 anos de uma trajetória que começa na música e passa por rádio, teatro, TV e cinema estarão em uma exposição multimídia encomendada pelo sobrinho Claudio. Hebe, Rainha terá a produção de João Marcelo Bôscoli, que em 2012 divulgou o nome da mãe Elis Regina por toda uma temporada com a exposição itinerante Viva Elis. O projeto está em fase de captação de recursos e começa a ser desenhado em seus detalhes para estrear em duas datas prováveis: a primeira é dia 29 de setembro, quando fecha um ano da morte da apresentadora. A segunda, se os prazos não forem cumpridos, dia 8 de março de 2014, quando Hebe faria 85 anos de vida.
"Nós temos de perpetuar esse nome. Fiquei me perguntando por um tempo o que fazer com essas coisas todas da Hebe... Eu tinha de mostrar isso", diz Claudio. "O acervo não é só da Hebe Camargo, mas de toda a TV brasileira. Imagine que ela foi com Assis Chateaubriand buscar os primeiros aparelhos de televisão do País, cansou de ser retratada em teses de faculdade..."
João Marcello fará a produção executiva e participará da curadoria. Já o produtor Vasco Caldeira, que trabalhou na equipe que montou o Museu do Futebol, o Museu da Língua Portuguesa e exposições multimídias como a da própria Elis Regina, fará a direção artística. O local ainda em negociação para abrigar o projeto é a Oca, no Parque do Ibirapuera, e a direção-geral será da empresa de Claudio, chamada Hebe For Ever, que tem a mostra apenas como a ponta de um iceberg que parece pronto para emergir.
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