Hora de ir para o tudo ou nada: sem rádio e TV, candidatos enfatizam redes e rua na reta final

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
11/11/2020 às 22:20.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:01
 (  reprodução FACEBOOK)

( reprodução FACEBOOK)

Com o fim da campanha eleitoral gratuita no rádio e na TV, nesta quinta-feira (12), os candidatos à PBH devem intensificar a corrida em busca do voto por meio de uso mais intenso das redes sociais e do tradicional “corpo a corpo” nas ruas. Faltando apenas três dias para as eleições, os concorrentes fazem disputa entre si e com o relógio para mudar um cenário eleitoral que, conforme as últimas pesquisas, aponta possível vitória em 1º turno do atual prefeito Alexandre Kalil (PSD). 

Todos os postulantes ouvidos pelo Hoje em Dia afirmaram que as redes e o contato mais direto com eleitores serão os focos de hoje a domingo. Essa será a estratégia adotada, por exemplo, por João Vítor Xavier (Cidadania), Wadson Ribeiro (PcdoB), Luísa Barreto (PSDB), Professor Wendell Mesquita (Solidariedade), Wanderson Rocha (PSTU) e Marília Domingues (PCO).

Já Nilmário Miranda (PT) e Rodrigo Paiva (Novo) apostam ainda na presença de “padrinhos” em atos dos últimos dias. Paiva terá o reforço do governador e correligionário Romeu Zema em caminhada hoje à tarde, na região Oeste da capital, e o petista contará com os ex-prefeitos Patrus Ananias e Fernando Pimentel também em périplo pelas ruas.

Covid
Dois dos candidatos, contudo, terão de concentrar esforços somente nas redes: Áurea Carolina (PSOL) e Fabiano Cazeca (Pros). A psolista suspendeu ontem os atos de campanha presenciais após uma pessoa da equipe de campanha dela ser diagnosticada com a Covid-19. De acordo com a assessoria de Áurea, a candidata e demais integrantes do staff que tiveram contato com o(a) contaminada(o) fariam testes e aguardariam os resultados antes de voltar a campo. Já Cazeca, que recebeu alta hospitalar ontem, após ser internado para tratamento da Covid, já havia suspendido as atividades presenciais desde 31 de outubro.

Em uma campanha atípica e em meio à pandemia, o maior desafio dos candidatos foi atrair a atenção dos eleitores. Para o cientista político Adriano Cerqueira, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a pandemia tirou o foco das eleições. 

“O eleitor, principalmente o das camadas mais pobres, está interessado é em quando a pandemia vai acabar e a vida vai voltar ao normal. Ele quer é ver a economia funcionando normalmente, independente de quem será o prefeito”, destaca.

A não realização de mais debates na TV – só um ocorrera, até ontem – também foi alvo de críticas dos concorrentes. Para Carlos Ranulfo, cientista político da UFMG, a ausência de tais eventos foi prejudicial. “Não podemos deixar de medir o impacto dos veículos de massa, principalmente para o eleitor mais pobre, pois é justamente no debate que as ideias de cada candidato são confrontadas”, enfatiza Ranulfo.

 Para especialista em marketing digital, tempo é curto para que ocorram grandes mudanças

A intensificação das campanhas dos candidatos à PBH nas redes sociais não deve ter força para reverter a tendência atual, que é de uma possível vitória de Alexandre Kalil (PSD), domingo (15). A opinião é do professor de Comunicação e Marketing Digital Ethore Estafani de Medeiros, da PUC-Minas. 

Para o especialista, nem mesmo uma eventual disseminação de “fake news” , por meio de redes de mensagens privadas como Messenger, Whatsapp e Telegram , seria capaz de criar uma onda de convencimento entre os eleitores que ainda não decidiram o voto, faltando poucos dias para o pleito. 
“Sabemos que há muitos indecisos e que várias pessoas vão definir votos nos últimos dias. No entanto, o tempo para a criação de uma onda, que tenha impacto negativo em alguma candidatura, é curto demais”, destaca Medeiros.

Ele enfatiza que, mesmo com o maior interesse dos candidatos em investir nas redes, para atingir maior público, alinhá-lo a suas ideias e criar “bolhas ideológicas” que lhes sejam favoráveis, as eleições de domingo se diferem bastante das de 2018, em que a vitória de Zema ao governo e a derrota de Dilma ao senado foram consideradas “surpreendentes”. 

“Muitos falam que as redes sociais foram essenciais no resultado de 2018 e isso é fato. Mas elas não foram o único fator. Existia uma série de outros elementos que potencializaram aqueles resultados”, afirma o professor.

Para Medeiros, muitos estrategistas políticos contam, nas campanhas eleitorais, com um fenômeno chamado de “efeito manada” para modificar quadros como o atual, em BH. Tal efeito se caracteriza, por exemplo, por uma informação fake que é compartilhada de maneira descontrolada, a ponto de ser quase impossível identificar de onde partiu. 

Algo com essa dimensão, porém, ainda não ocorreu na capital e tem pouca chance de ocorrer até domingo. “Sabemos que uma desinformação é muito difícil de ser desmentida e que pode causar danos irreversíveis. Mas isso é um fenômeno que demanda tempo, que precisa circular com uma intensidade muito grande para causar aquilo que chamamos de telefone sem fio. Não creio que isso vá acontecer aqui em BH, principalmente com um tempo tão curto até o dia da votação”, diz Medeiros.

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