BUDAPESTE - A procuradoria de Budapeste indiciou nesta terça-feira (18), após um ano de investigação, o suposto criminoso de guerra nazista Laszlo Csatary, acusado de ter supervisionado as deportações de 12.000 judeus para campos de extermínio durante a II Guerra Mundial.
"O tribunal dispõe de no máximo 90 dias para iniciar o processo judicial", declarou Bettina Bagoly, porta-voz da procuradoria.
Csatary, de 98 anos, está em prisão domiciliar desde o ano passado e aparece na lista de supostos criminosos de guerra mais procurados do Centro Simon Wiesenthal.
Laszlo Csatari foi detido em 18 de julho 2012 na capital húngara após uma informação repassada pelo Centro Wiesenthal.
Em um comunicado, a procuradoria lembra que Csatari foi nomeado chefe da polícia da cidade de Kassa (atualmente Kosice, na Eslováquia) em 1942.
"Após a ocupação alemã de Kassa em março 1944 foi criado um gueto na cidade, para onde foram deportados a maioria dos judeus da localidade entre 15 e 22 de abril 1944, com a ajuda da polícia local", destaca um comunicado da justiça.
A procuradoria acredita que 12.000 judeus viviam na época no gueto.
"Laszlo agredia regularmente os judeus do gueto, dava chicotadas sem razão aparente, sem importar as circunstâncias, o gênero, a idade ou o estado de saúde das pessoas", afirma a nota.
A procuradoria destaca a crueldade de Csatary ao recordar que ele proibiu janelas nos vagões de um trem de mercadorias que abrigava quase 80 pessoas, que não tinham acesso a ar fresco.
Mais tarde, no mês de maio, Csatary colaborou na deportação dos judeus em trens para o campo de extermínio nazista de Auschwitz, na Polônia.
"Por suas ações e seu comportamento, Laszlo Csatary contribuiu intencionalmente para as execuções ilegais e torturas cometidas contra judeus, que foram expulsos de Kassa para campos de concentração nazistas", completa a procuradoria.
Em 1948, Csatary foi condenado à morte à revelia por um tribunal da Tchecoslováquia.
Mas em março de 2013 um tribunal de Kassa comutou a pena por prisão perpétua. As autoridades eslovacas poderiam pedir a Hungría a extradição de Csatary.
Csatary sempre negou as acusações, incluindo a de ter sido chefe da polícia do gueto de Kassa e de ter assinado documentos como tal, apesar do Museu do Holocausto em Budapeste ter apresentado um documento assinado por ele como comandante do gueto. Csatary nega inclusive que era antissemita.
O julgamento de Csatary pode começar em meados de setembro.