I Ciclo de Palestras discute ovinocaprinocultura em Montes Claros

Jornal O Norte
20/11/2006 às 10:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:44

Valéria Esteves


Repórter

Com o objetivo de promover a interação entre pesquisadores e produtores a Accomontes - Associação dos criadores de ovinos e caprinos do Norte de Minas em parceria com o Sebrae e o Núcleo de Ciências Agrárias da UFMG - Universidade federal de Minas Gerais realizou sexta-feira o I Ciclo de Palestras em Ovinocaprinocultura.

Cerca de 300 pessoas estiveram presentes ao evento, entre elas, estudantes de Zootecnia, Engenharia Agrícola e Técnico Agrícola, e a grande maioria, produtores rurais. Foram discutidos assuntos como manejo nutricional, reprodutivo, sanitário integrado; prática para controle de verminoses em ovinos e caprinos; alternativas da atividade de produção de cordeiros em Minas Gerais; alternativas para prevenção de doenças em ovinocaprinocultura com uso de homeopáticos, importância dos técnicos na atividade, cruzamento industrial em ovinocaprinocultura, entre outros.

Segundo a professora e coordenadora do Gacco - Grupo de apoio aos criadores de ovinos e caprinos do NCA/UFMG, Anna Chistina de Almeida, há seis meses tem realizado junto com outros professores e 31 alunos dos cursos de Zootecnia e Agronomia apoio técnico a 10 produtores. Estão sendo levadas informações sobre manejo, reprodução, alimentação entre outros detalhes necessários ao bom andamento da criação de ovinos e caprinos.

A professora acredita que a atividade precisa deslanchar na região, tendo em vista que há uma procura muito significativa por cordeiros e caprinos no mercado. As perspectivas são positivas, diz a professora, que ainda ressalta que todas as 10 fazendas foram indicadas pela Accomontes.

Para realizar esse apoio técnico, a Faemg - Federação da agricultura do estado de Minas Gerais disponibilizou recurso que deve atender às necessidades quanto às visitações às propriedades até o mês de agosto de 2007. Mas nem por isso esse trabalho, que é um seguimento de extensão da Universidade, vai parar.




Segundo a diretora da Accomontes, o objetivo é unir os


criadores para organizar a cadeia produtiva


(foto: Wilson Medeiros)

Anna comenta que o Gacco já presta assistência à Accomontes e essa parceria junto com o Sebrae deve melhorar e se ampliar ainda mais no decorrer dos tempos.

Maria Idalina de Almeida, presidente da Accomontes, diz que o evento é mais uma maneira de unir os produtores que andavam meio dispersos quanto à organização da cadeia produtiva.

- O ciclo de palestras veio esquentar a relação das entidades que nos ajudam a obter mais conhecimentos no sentido de transferir tecnologia com os criadores. Parece que dessa vez os produtores tomaram consciência de que o mercado pede mais animais e precisamos produzir para atender ao mercado que pede carnes de cordeiro e de caprinos, além da pele e do leite - afirma.

MERCADO

Conforme o diretor executivo da empresa Nova Alimentos, José Domingos Caetano Júnior, há no país somente dois ou três frigoríficos específicos para o abate de cordeiros. O resto funciona em plantas adaptadas. As distâncias e o alto custo do frete também encarecem o produto final.

A falta de frigorífico se reflete em um grande problema. O Brasil não pode exportar hoje porque não tem nenhum frigorífico habilitado para exportar.

- Tem se criado um círculo vicioso quando se fala em ovinocultura no Brasil. O pecuarista só quer produzir se tiver certeza de lucro, de venda. O criador não está vendo a cadeia produtiva formada e está esperando por ela. Por outro lado, o empresário só quer investir na implantação de um frigorífico se tiver certeza que vai ter produto para abater. Então é preciso quebrar esse círculo vicioso. Alguém tem que tomar a iniciativa – conclui José Domingos.

A expectativa para que a cadeia produtiva da ovinocaprinocultura cresça tem se intensificado depois que um frigorífico que abate esses animais foi aberto em Janaúba. Por enquanto a demanda tem sido maior que a oferta e por tal motivo a Accomontes perdeu até de mandar uma carga de caprinos para Goiás nos últimos meses.

No frigorífico de caprinos e ovinos, são abatidos cerca de 200 animais por dia. Alguns pratos como quibe de cordeiro tem chamado a atenção dos degustadores dessa carne, conforme Idalina, que todos os anos durante a Expomontes mantém um restaurante dentro do parque de exposições de Montes Claros.

A prioridade na visão dos criadores é trabalhar para alcançar uma carcaça recheada, já que o brasileiro, aos poucos, tem inserido em seu cardápio receitas que levam, se não carne de cordeiro, uma saborosa buchada de bode ou assado dele. Não importa o prato.

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