A superintendência de São Paulo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) deve entrar amanhã com pedido de reintegração de posse contra integrantes do MST da Base, dissidência do Movimento dos Sem-Terra (MST), que invadiram na sexta-feira o assentamento São Pedro, em Rancharia, no oeste paulista. O grupo, com cerca de 150 integrantes, montou acampamento num lote de 22 hectares do assentamento e pretende estender a ocupação a outros 34 lotes. De acordo com o líder Paulo de Souza, o objetivo é denunciar o comércio de lotes da reforma agrária, muitas vezes com o aval de funcionários do órgão federal.
Segundo ele, quase a metade dos 74 lotes do assentamento administrado pelo Incra estaria em situação irregular. As unidades teriam sido transferidas sem obedecer à ordem de famílias cadastradas pelo próprio Incra. "A área é objeto de especulação imobiliária e tem lote que foi vendido por R$ 200 mil", disse. No sábado, a chegada da Polícia Militar impediu um conflito entre os invasores e assentados. De acordo com Jair Negrão, integrante do MST da Base, os ocupantes de um carro que passava pela estrada do assentamento fizeram disparos com armas de fogo contra os barracos. Ninguém foi atingido, mas os sem-terra prepararam-se para uma reação. "Os compradores de lotes formaram uma milícia para nos amedrontar", denunciou Negrão.
A PM informou que os barracos e veículos que estavam nas imediações foram revistados, mas não havia armas de fogo. A superintendência do Incra em São Paulo informou que tem feito vistorias para notificar ocupações irregulares no assentamento São Pedro e região. O órgão informa, no entanto, que o número de lotes em situação irregular nesse assentamento é de apenas seis, sendo que o motivo da irregularidade em dois lotes é a morte de seus titulares. A partir da notificação desses casos, o Incra irá definir como se dará a destinação das áreas segundo os critérios técnicos.
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