Mais do que a própria intenção de voto, os candidatos estão de olho em outro significativo dado eleitoral, também medido pelas pesquisas, que é o interesse do eleitor pela disputa em Belo Horizonte. A cada dia que passa, o índice aumenta, mas ainda é muito baixo ante a aproximação da primeira votação. A 24 dias do 2 de outubro, a maioria começa a se convencer de que terá que escolher dois entre 11 postulantes, apesar do nível de insatisfação com a política e os políticos.
De acordo com pesquisas anteriores, a campanha começou com o interesse na casa dos 20%, hoje, já se aproxima dos 40% e, segundo os entendidos, chegará a 70% nos próximos dias. As pesquisas que serão divulgadas já identificaram que, além do tucano João Leite, primeiro colocado, e de Alexandre Kalil (PHS), segundo lugar, mais um deles conseguiu se desgarrar dos outros, consolidando o terceiro lugar. A partir da semana que vem, quando o índice de interesse apontar pra cima, quem subiu na maré baixa, com certeza, terá melhores chances de crescimento. Aqueles que não conseguiram se mexer, provavelmente, não reunirão competitividade para ir ao segundo turno.
É sabido que nem todos estão disputando com esse objetivo; alguns planejam se cacifar para turbinar o desempenho nas eleições a deputado federal, até mesmo sob o risco de saírem menores do que entraram. Um candidato tem, por exemplo, R$ 12 milhões do fundo partidário para incrementar a campanha com bandeiras e carros nas ruas, contratando pesquisador próprio e até um dos redatores da campanha presidencial de 2014 do tucano Aécio Neves. O efeito de tanto investimento será detectado mais à frente, no médio e longo prazo. Outro paga até R$ 600 para instalar nos carros a peça mais badalada dessa campanha: os citrus ou autoadesivo, que são aplicados nos vidros traseiros.
Tudo somado, quem fez bem o dever de casa, até agora, chegou o momento de apostar na reta final. Dos concorrentes, o candidato do PMDB, Rodrigo Pacheco, jogou tudo no bom desempenho pessoal já que o partido, praticamente, o ‘cristianizou’, o abandonou. Pratica um voo solo, sem estrutura de um partido do tamanho do PMDB (carros, combustível, pessoal de rua, etc), que lhe desse visibilidade. O candidato dito oficial, Délio Malheiros (PSD), começou errado e está reorientando sua marcha. Em vez de ter apresentado a si mesmo, havia ficado no posto de advogado da atual gestão, da qual é vice-prefeito, mas também é sabido que não teve espaço nem era valorizado.
Reginaldo Lopes (PT) também está repaginando a forma e o conteúdo, mas ainda não encontrou explicação pelo baixo desempenho. Onde foi parar a militância petista e os tradicionais votos de esquerda da capital mineira? Poderão se manifestar na reta final, fazendo nesse caso, num instinto de sobrevivência, opção pelo voto útil.
Critério para o último debate
Conforme adiantei aqui, o último debate deste primeiro turno, na TV Globo, deverá contar apenas com os oito candidatos de partidos que têm o direito garantido pela legislação (bancada federal acima de nove deputados). Os outros três – Vanessa Portugal (PSTU), Maria da Consolidação (PSOL) e Eros Biondini (Pros) – só entrarão se alcançarem o segundo critério adotado pela emissora: o de conquistar 5 pontos nas pesquisas do Datafolha e do Ibope.