Indústria e construção entram em desespero

08/04/2016 às 14:56.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:51

A situação na construção civil é de desespero. Vejam os dados relativos a fevereiro, extraídos da pesquisa de comercialização de imóveis divulgada ontem pelo Ipead (o instituto de pesquisas da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG).

Naquele mês, apenas um apartamento com valor acima de R$ 1,5 milhão foi vendido em Belo Horizonte, entre os 192 apartamentos ofertados nessa faixa de preço. Entre os imóveis com preços entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão, apenas 4 foram vendidos, para 116 ofertados. Ou seja, o mercado luxo simplesmente parou.
Mas vamos às vendas para a classe média. Em fevereiro, foram vendidos 10 apartamentos com preços entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão, para 389 ofertados. E na faixa entre R$ 250 mil e R$ 500 mil, foram vendidos 19 unidades, contra 1.343 ofertados.

O grosso das vendas de fevereiro se deu entre os apartamentos populares, com preços até R$ 250 mil, que oferecem margens baixas de retorno para as construtoras. Entre estes, foram vendidas 96 unidades, para uma oferta de 509 apartamentos.

É preciso lembrar que a pesquisa do Ipead é por amostra junto as construtoras que atuam na cidade. Ou seja, não abrange todo o mercado imobiliário de BH. Mas espelha bem o ritmo do setor.

Reflexo da queda radical da demanda é a redução, também radical, do número de apartamentos ofertados. Esse recuo foi de 18,7% no acumulado de 12 meses até fevereiro na comparação com igual período imediatamente anterior.

Os preços também estão em queda livre. Ainda não foi registrado queda nominal nos preços dos imóveis, mas já são 25 meses consecutivos em que a correção se dá abaixo da inflação. Ou seja, os apartamentos novos estão, na prática, perdendo valor a cada mês.

Produção industrial
Mas o desespero não é exclusividade da construção civil. Reflexo do acidente de Mariana, a produção industrial de Minas, que já vinha ladeira abaixo, desabou nesse início de ano. Segundo dados do IBGE divulgados ontem, a queda foi de 15,2% no primeiro bimestre do ano na comparação com o mesmo período do ano passado. O dado mostra uma aceleração acentuada do movimento de queda, que vinha a um ritmo de 9,1% (dado do acumulado de 12 meses até fevereiro contra igual período imediatamente anterior).

A Samarco paralisou a produção na mina de Germano em novembro do ano passado, depois do rompimento da barragem do Fundão, mas em dezembro ainda manteve o beneficiamento de minério enquanto duraram os estoques. Em janeiro, parou tudo.

No Espírito Santo, que tem uma economia menor e menos diversificada que a mineira, e portanto mais dependente da Samarco, o tombo foi ainda maior, de 22% no primeiro bimestre contra igual período do ano passado. Já no acumulado de 12 meses, o estado vizinho perdeu apenas 2,6% da produção industrial, o que comprova o peso da Samarco. A mineradora lavra e beneficia o minério em Mariana, mas suas unidades de pelotização estão em Ubu, no litoral capixaba.

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