Foram divulgados na sexta-feira os dados da produção industrial no Brasil, em janeiro, mostrando crescimento de 2,9%, em comparação com dezembro. Minas foi o Estado que mais cresceu, com 7%. Mesmo assim, o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Fiemg, Lincoln Gonçalves, não comemorou. Motivo para seu otimismo moderado: o crescimento foi impulsionado pelas empresas mineradoras, que em dezembro reduziram a atividade por causa das chuvas e aceleraram em janeiro. Na indústria de transformação, a largada não foi aquela desejada pela Fiemg, que prevê para este ano crescimento de 2,78% na indústria mineira. Mas existem, sim, razões para otimismo. O Índice de Atividade Econômica, divulgado no mesmo dia pelo Banco Central, revela crescimento de 1,26% em janeiro. Esse índice engloba todos os setores da economia brasileira – indústria, comércio e serviços e agropecuária. Estado mais industrializado, São Paulo teve crescimento em janeiro de 3,5%, puxado pela alta na produção de veículos, equipamentos para transporte, máquinas e equipamentos e metalurgia. Minas está bem posicionada em todos esses setores, mas sobretudo no automobilístico. A Fiat, que tem em Betim sua maior fábrica no mundo, concluiu em janeiro a compra integral da Chrysler, dos Estados Unidos. Essa fusão resulta na sétima maior fabricante de veículos do mundo, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA), com sede na Holanda. A boa notícia, para os mineiros, é que o plano de expansão da fábrica em Betim está mantido. Em fevereiro do ano passado, foi iniciada a terraplenagem de um terreno de 253 mil metros quadrados, doado pela prefeitura, para elevar a capacidade de produção, a partir de 2015, de 800 mil para 950 mil veículos por ano. Apesar da retração nas vendas de veículos no ano passado, a Fiat Automóveis conseguiu crescimento de 1,1% na receita operacional líquida, para mais de R$ 23,5 bilhões, e lucro líquido de R$ 290,4 milhões. Os investimentos da empresa e suas controladas somaram no ano quase R$ 3,5 bilhões, divididos principalmente nas fábricas de Betim e Goiana, em Pernambuco. Esta fábrica terá capacidade para 200 mil veículos por ano e deverá iniciar a produção a partir do primeiro semestre de 2015. Investindo na atualização tecnológica e na ampliação da fábrica, a Fiat Automóveis se prepara para continuar liderando, como o fez durante 12 anos, o mercado brasileiro. Ao agir desse modo, com a contribuição dos mineiros, dificilmente veremos em Betim a repetição do que ocorreu com aquela que foi a maior e mais moderna – em seu tempo – fábrica de veículos do mundo: a antiga unidade da Packard Automotive. Ela ocupava, em Detroit, nos Estados Unidos, terreno de 3,5 milhões de metros quadrados. Abandonada, não é mais que um retrato na parede.