Industriais fazem novo coro contra o aumento de impostos

14/06/2017 às 18:52.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:05

Presidentes de sindicatos da indústria assinaram um manifesto contra o aumento de impostos (ICMS do álcool e da gasolina e IPVA para caminhonete cabine dupla) no intuito de deixar claro que não apoiaram a iniciativa. Noventa e três sindicatos subscreveram o documento. O manifesto constitui ainda um sutil recado ao governador Fernando Pimentel (PT), que ainda não sancionou o projeto de lei aprovado pelos deputados estaduais.

O reajuste nas alíquotas criou mal-estar entre os industriais. Isto porque o presidente Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado, defendeu o projeto de lei original, que não continha o aumento, e conseguiu apoio maciço do setor em negociação com o governo. Um documento dando aval à proposta, que tratava do refinanciamento de dívidas, foi encaminhado à Assembleia e usado para convencer parlamentares a votar de forma favorável à medida. 

O secretário da Fazenda, José Afonso Bicalho, chegou a prestar esclarecimentos sobre a proposta, o Refis, aos industriais. Mas, durante a tramitação na Assembleia, foi acoplado outro projeto ao Refis e várias outras emendas. Um dos pontos foi justamente o que trata do reajuste das alíquotas. Porém, houve também benefício ao setor elétrico, com a isenção de ICMS aos produtores de células fotovoltaicas. O projeto também reduz a carga tributária nas operações destinadas às usinas termoelétricas movida a biomassa, localizadas na Sudene.

O reajuste dos impostos gerou burburinho no meio industrial. A Fiemg passa pelo processo de sucessão do presidente. O mandato de Olavo Machado só termina no próximo ano, mas a pré-sucessão já esquenta os bastidores do meio. Machado apoia Alberto Salum, que tem como adversário Flávio Roscoe. 

Natural que a decisão da Assembleia que afeta toda a cadeia produtiva tenha tido reflexos na sucessão de Machado. Roscoe articulou o manifesto, assinado por 93 sindicatos, contra a medida. Para ele, o aumento de impostos desacelera a possibilidade de retomada do crescimento da indústria mineira. O manifesto foi publicado em cerca de 50 veículos. Não tem o carimbo da Fiemg.

Cobrado por representantes de sindicatos, Machado, por sua vez, disse, em entrevistas pós-reajuste, que acertou apenas o apoio ao Refis, não tendo avalizado o reajuste de ICMS e IPVA. 

A Fiemg publicou na página oficial uma mensagem do presidente. “O momento é de perplexidade e indignação, mas ainda há esperança. O governador dispõe de prerrogativa para recolocar a questão em seu devido lugar. O Brasil e Minas Gerais precisam de governos cada vez mais competentes e austeros – precisamos de mais eficiência com o plano de recuperação fiscal instituído”, diz Machado. Ele pede ao governador que vete o aumento de impostos.

Nos bastidores, Pimentel realmente pensou em vetar a proposta. Ainda não decidiu, mas pretende sancionar o aumento de impostos. 

Enquanto isso, esquenta a disputa pela presidência da Federação mais imponente e também respeitada de Minas Gerais. Para lograr-se vencedor, o candidato precisa de 70 votos de um total de 138 sindicatos com direito à escolha. Em outubro, teremos uma sinalização clara, conforme a composição das chapas, de quem deve suceder Olavo Machado.

  

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