Natal e férias à vista e 13º salário no bolso. Essa combinação de fim de ano anima os consumidores e eleva o otimismo dos lojistas. Apesar do alto custo de vida em 2022, a magia dessa época acaba contagiando os trabalhadores a saírem às compras. Seis a cada dez belo-horizontinos pretendem presentear alguma pessoa no Natal.
Muitos garantem que o abono natalino será usado para pagar dívidas, mas outros não querem se privar e afirmam que vão gastar. A pretensão de compra aumentou 13,93% em novembro em relação a outubro na capital mineira.
É o que mostra levantamento do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG) divulgada nesta sexta-feira (2).
O resultado da pesquisa aponta que 62,86% dos entrevistados devem comprar presentes para a data. “Isso representa um aumento significativo em relação ao percentual de 2021”, afirma Eduardo Antunes, gerente de Pesquisa da Fundação Ipead.
No ano passado, 41,9% das pessoas que participaram da pesquisa tinham a intenção de presentear no Natal.
Confiança
Esse aumento está diretamente relacionado à alta da confiança do consumidor em novembro, atingindo 41,93 pontos. Esse patamar representa uma expansão de 2,36% na comparação com o mês anterior.
Eduardo Antunes afirma que a alta desse indicador foi surpreendente. É o maior desde janeiro de 2015 (41,75%) e reflete uma melhora da situação financeira familiar.
Apesar da situação difícil, a porteira Laina Silva dos Santos, de 28 anos, diz que vai se esforçar e comprar presentes para as crianças, algo que ela aprendeu com a mãe.
“Minha mãe sempre ensinou que a gente deve presentear, então, a gente aperta um pouco, deixa de gastar com outras coisas para presentear, principalmente os filhos”, afirma a mãe de três meninas de 12, 6 anos e de um mês.
Mais caros
Outro ponto positivo da pesquisa é que o consumidor pretende gastar mais com os presentes de Natal. O valor médio apurado é de R$ 94,56, aumento de 9,75% em relação aos R$ 86,16 de 2021. Surpreendendo os economistas, os presentes com valor “Acima de R$ 100” foram os mais citados (48,48%) pelos entrevistados.
Lojistas
Se os consumidores estão otimistas, os comerciantes não pensam diferente. Pesquisa realizada pela Fecomércio MG revela que o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) regional registrou 132 pontos em outubro, 5,8 pontos acima do observado em setembro.
Entre os indicadores avaliados, o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (Iiec) se destacou, avançando 6,3 pontos, frente ao mês anterior, atingindo 120,2 pontos. Nesse contexto, 87,2% dos empresários do setor pretendem aumentar o quadro de funcionários. Entre as empresas de maior porte (com mais de 50 empregados), essa intenção atinge 100,%.
Na avaliação do Economista-Chefe do Núcleo de Estudos Econômicos da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, o aumento da demanda nos últimos meses do ano contribui para a necessidade de reforçar o quadro de colaboradores das empresas, principalmente, com mão de obra temporária.
“O forte apelo emotivo e comercial das datas comemorativas, associado à melhoria de determinados indicadores de emprego e renda, geram um aumento do fluxo de clientes nos estabelecimentos comerciais”, avalia.
A pesquisa da Fecomércio MG aponta ainda que cerca de 87% dos comerciantes esperam uma melhora do cenário econômico, 91% possuem boas expectativas para o setor e 95% creem em um bom desempenho das vendas.
“Além do estímulo das datas comemorativas, o comportamento menos acentuado da inflação, a injeção de recursos provenientes do pagamento do 13º salário e a própria perspectiva de contratações geram boas perspectivas para a economia nesse fim de ano”, pontua Guilherme Almeida.
*Com Jader Xavier