Inflação para idosos fecha 2018 em 4,75%, informa FGV

Agência Brasil
14/01/2019 às 14:59.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:02
 (Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil)

(Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), que mede a variação da cesta de consumo de famílias compostas em sua maior parte por indivíduos com mais de 60 anos de idade, apresentou variação de 0,80% no quarto trimestre de 2018, totalizando no ano aumento de 4,75%. O resultado, divulgado nesta segunda-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), superou a inflação acumulada em 2018 pelo Índice de Preços ao Consumidor Brasil (IPC-BR) de 4,32%.

O coordenador do IPC do Ibre, André Braz, disse a reportagem que os maiores aumentos no ano passado para a terceira idade foram registrados nas áreas de saúde e cuidados pessoais (6,63%) e alimentação (5,88%). Dentro da despesa saúde e cuidados pessoais, as maiores influências de alta foram observadas em planos de saúde (10,07%), médicos e dentistas (9,74%) e medicamentos (3,92%).

No grupo alimentação, André Braz informou que os alimentos in natura, que no quarto trimestre de 2017 subiram apenas 0,29%, no ano passado apresentaram elevação de 35,9%. Destaque para hortaliças e legumes (35,85%) e frutas (10,53%). Em relação a frutas, o coordenador do IPC do Ibre informou que em 2017 houve queda de 17,02%. “A parte in natura pressionou bastante. A gente sabe que na terceira idade [alimentos] in natura são importantes”.

Expectativas

André Braz disse que na passagem do quarto trimestre de 2018 para o primeiro trimestre de 2019, a expectativa é que o IPC-3i talvez não supere o IPC-BR porque os desafios nos três primeiros meses do ano são mais sentidos pela camada da população mais jovem, influenciados por aumentos previstos para educação formal.

Braz observou, entretanto, que cursos formais têm peso também para a terceira idade, embora menor, porque os idosos podem pagar cursos para sua própria atualização ou fazer despesas desse tipo para outras pessoas da família, como filhos e netos, por exemplo. “Mas o peso é muito menor”, ressaltou. “Esses aumentos vão pressionar mais a inflação do índice tradicional [IPC-BR] do que da terceira idade [IPC-3i]”.

O economista salientou que os aumentos dos transportes públicos urbanos, como trens, barcas, ônibus, têm impacto menor no IPC-3i, porque o idoso tem gratuidade nesses modais. “O transporte público tem peso para a terceira idade, sim, mas ele é menor”, confirmou Braz.

Desafio

Segundo o economista do Ibre, as chances de ter um IPC-3i mais baixo em 2019 são grandes, porque as pressões inflacionárias neste primeiro trimestre têm mais peso no orçamento das famílias mais jovens. Ele acredita que, para o ano em curso, o IPC-3i pode ficar mais próximo do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal), que acumulou alta de 4,32% em 2018. “A ideia é que em 2019 a gente tenha uma inflação abaixo da meta de 4,25% tanto para o IPC-S como para o IPC da terceira idade”.

Para o André Braz, o que vai determinar se o IPC-3i pode encerrar este ano acima do IPC-S vai ser o comportamento dos alimentos. Nesse sentido, disse que o fenômeno La Niña, que provoca mais chuvas no Sul e menos no Nordeste, pode levar os preços dos alimentos in natura a serem pressionados para cima e, com isso, a inflação será maior para a terceira idade. “Mas, como a agricultura costuma surpreender, eu espero que ela surpreenda positivamente, e o idoso não sofra tanto com a inflação de alimentos”, concluiu.

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