Infraestrutura é um desafio para os candidatos

Aline Louise - Hoje em Dia
24/08/2014 às 07:50.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:54

Integração dos modais de transporte, manutenção e ampliação das malhas rodoviária, ferroviária e hidroviária, ampliação da capacidade dos portos, aeroportos e dos investimentos. Essas são as principais demandas no que diz respeito a infraestrutura apresentadas por especialistas e representantes dos diferentes setores produtivos aos candidatos que disputarão as próximas eleições. Todos concordam que ainda há muito que se fazer no país para garantir um sistema logístico que possibilite redução dos custos, consequentemente produtos mais competitivos e crescimento econômico.    Levantamento elaborado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), elenca 2.045 projetos prioritários de infraestrutura só na área de transporte, tanto de cargas como de passageiros, abrangendo todos os modais. O valor total de investimentos necessários seria de R$ 987 bilhões.   O diretor executivo da CNT, Bruno Batista, diz que sozinho o governo não é capaz de atender a esta demanda, mas precisa ampliar sua participação. Outra ação importante é conseguir atrair a iniciativa privada, com parcerias público privadas (PPPs) e concessões. “Mas para isso o governo precisa melhorar sua eficiência gerencial. O investidor, principalmente o estrangeiro, ainda tem desconfiança, porque os projetos muitas vezes não oferecem os dados mínimos para se fazer uma boa análise de viabilidade econômica”, diz.    Segundo Bruno, a infraestrutura de transporte brasileira está obsoleta e saturada. Todas estas carências geram um aumento de custos e prejuízos para o país. “Existe um número comparativo que é o Custo Logístico Total em relação ao PIB. O valor de referencia é o dos Estados Unidos, que gira em torno de 8,7% do PIB. No Brasil esse custo é de 11,6%. Nós gastamos 3% a mais que os americanos devido às ineficiências verificadas no sistema de transporte do país”.   A analista de Políticas e Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ilana Ferreira, diz que os investimentos no setor, tanto privados quanto públicos, cresceram nos últimos anos, desde o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Mas ainda temos um grande potencial de investimentos, porque apesar de tudo que foi feito, a demanda é crescente”, diz.   Elétricas suportam alta de até 5% do PIB   Mesmo com a escassez de chuvas deste ano, que obrigou o acionamento das termoelétricas, os investimentos recentes em novas hidrelétricas, sobretudo na região Norte, devem garantir energia suficiente para um crescimento de até 5% do PIB nacional. A avaliação é do professor de engenharia elétrica da UFMG, Rodinei Rezende.    Segundo ele, não há risco de desabastecimento. “Não estamos numa crise, tivemos um arrefecimento e depois teremos a volta das chuvas. O período pior já passou. Não há base nenhuma para se afirmar que teremos aumentos na conta de energia ainda maiores no ano que vem. Esse é um discurso político”.    Contudo, ele diz que são necessários investimentos em manutenção das hidrelétricas. “O sistema não é usado em toda sua potencialidade. Algumas das usinas mais antigas precisam passar por reformas e isso é urgente para que possam operar com toda sua capacidade nominal disponível. Esses reparos precisam acontecer tanto nas turbinas geradoras quanto nos reservatórios”, explica.   Telecomunicações   No que diz respeito a infraestrutura de comunicação, o principal desafio do país para os futuros gestores é o acesso a internet banda larga, diz o ex-ministro das comunicações, Juarez Quadros. Segundo ele, a telefonia fixa já apresenta um mercado saturado, o celular está altamente popularizado, mas falta atendimento a esse mercado de banda larga, de forma a melhorar e baratear o serviço.    Ele explica que há tecnologia disponível para superar a velocidade média de banda larga alcançada no Brasil, considerada baixa, mas falta investimentos em infraestrutura. Ele ainda defende queda dos impostos sobre o setor. “Quase metade do valor da conta dos serviços de telecomunicação são tributos e cerca de 50% deste ônus é referente ao ICMS, então o recado é para os governos estaduais. É preciso um esforço maior para desoneração”, avalia. 

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