(FLÁVIO TAVARES)
A antecipação do 13º salário do funcionalismo público municipal, divulgada pela Prefeitura de Belo Horizonte na última semana, soou como uma boa notícia para o comércio da capital. Apesar de terem apresentado uma leve melhora em 2018, as vendas passaram por um longo período de queda nos últimos dois anos e nem a Copa do Mundo foi capaz de trazer o retorno esperado pelo varejo.
Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), os mais de R$ 122 milhões que serão injetados na economia de Belo Horizonte com o adiantamento trarão retornos positivos para os setores de comércio e serviços.
“Comemoramos esta notícia, pois o varejo da capital já está sendo afetado com o parcelamento e atraso de salários dos servidores estaduais. Esperamos que, com a liberação do 13º salário do funcionalismo público municipal, ocorra um aquecimento nas vendas, em especial neste período das férias de julho e no Dia dos Pais, comemorado em agosto”, comenta o presidente da CDL/BH, Bruno Falci.
De acordo com a economista Ana Paula Bastos, os recursos provenientes do 13º salário são direcionados, tradicionalmente, para o pagamento de dívidas e também para o consumo. “Quem está endividado ou inadimplente vai quitar as dívidas. E o que sobrar provavelmente será designado para o consumo”, afirma.
Segundo ela, o comércio sofre há cerca de dois anos com a crise econômica que assola o país e a greve dos caminhoneiros, em maio, agravou ainda mais o problema. “Mesmo que a taxa de desemprego tenha apresentado redução nos últimos meses, ainda temos patamares muito altos e a paralisação dos caminhoneiros veio agravar ainda mais o quadro. Houve um esvaziamento da cidade, tivemos uma crise de locomoção, e o comércio é muito afetado por isso”, explica.
Perspectiva de crescimento
O último balanço, divulgado pela CDL/BH em abril, mostra que os indicadores econômicos tiveram impacto positivo sobre as vendas em 2018.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, as vendas tiveram crescimento de 2,32%, o que representa a primeira alta nesta base de comparação desde 2013. O órgão atribui a melhora à redução da inflação, da taxa de juros e da taxa de desemprego, que aumentaram o poder de compras dos consumidores.
Para o vice-presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, os percentuais de crescimento ainda são modestos, mas demonstram que as pessoas estão conseguindo destinar uma parte dos recursos para o consumo.
“Isso não vinha acontecendo nos anos anteriores, devido ao cenário econômico adverso vivido no país”, afirma.
Copa do Mundo ainda não gerou resultados satisfatórios
Embora festejada, a Copa do Mundo da Rússia, que começou em 14 de junho, não foi capaz de gerar resultados significativos para o comércio da capital mineira.
Uma pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) mostrava que, nas vésperas do mundial, 48,5% dos lojistas esperavam um retorno positivo para os negócios com o Mundial e 53,4% estimavam que as vendas cresceriam no período dos jogos.
Mais de duas semanas após o início do Mundial, porém, o cenário ainda não é de comemoração.
“A maioria dos empresários estava se preparando para a Copa, investindo em decorações temáticas, mas já esperávamos que não haveria crescimento de vendas, porque o índice de desemprego ainda é alto”, afirma a economista Ana Paula Bastos.
O clima de incerteza também acarretou em um baixo índice de contratações temporárias para a Copa do Mundo.
Segundo a CDL/BH, apenas 3,4% dos comerciantes afirmaram que iriam aumentar o quadro de empregados da empresa para o evento esportivo. O restante (96,6%) optou por não alterar o número de funcionários. Entre eles, 76,6% consideram que a equipe atual já atende a demanda para a ocasião.