Inovação a um passo do mercado: jovens apresentam projetos na Olimpíada do Conhecimento

Bruno Moreno - Hoje em Dia
04/09/2014 às 08:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:04
 (Luiz Costa)

(Luiz Costa)

O sonho de qualquer inventor é, primeiro, conseguir fazer com que sua ideia funcione e, depois, colocá-la no mercado. Nesta quinta (4) e sexta-feira (5) serão os dias cruciais para a “nata” das escolas profissionalizantes brasileiras, que apresentarão seus projetos a empresários que poderão viabilizar economicamente as invenções.

A exposição Inova Senai reúne 50 equipes de vários estados brasileiros, que apresentam soluções nas áreas de reaproveitamento de resíduos, eficiência energética, melhoria das condições de vida de pessoas com deficiência, informática, tecnologia e segurança no trânsito, entre outras.

A disputa faz parte da 8º edição da Olimpíada do Conhecimento, que está acontecendo no Expominas, em Belo Horizonte. Para chegar a essa etapa, que é nacional, eles foram selecionados entre 240 propostas inovadoras.

Cada um terá cinco minutos para expor suas propostas aos financiadores, que podem comprar as ideias e ajudar a alavancar a carreira dessas jovens promessas. Além disso, eles disputam prêmios de R$ 2 mil.

Energia

Pelos menos duas propostas apresentadas na exposição pretendem otimizar o uso de energia. De Salvador, um grupo de amigos trouxe uma solução inovadora para diminuir a conta de luz nas residências.

A proposta é acoplar ao chuveiro um sistema que consiga programar o tempo do banho e qual a temperatura. Além disso, um monitor mostra quanto foi gasto com na última chuveirada e também o total no mês.

“Com esse protótipo, gastamos R$ 70 só com as peças. É claro que, se conseguirmos colocar à venda, o preço será outro, porque ganharemos em escala, mas também teremos outros custos, como mão de obra. Nós estimamos que o preço ao consumidor deve girar em torno de R$ 130 a R$ 140”, explica o tecnólogo em mecatrônica Gessé Justiniano, 22 anos.

De acordo com o técnico em mecatrônica Ítalo Barros, 26 anos, que também ajudou a desenvolver o projeto, quem comprar o sistema poderá ter retorno do investimento em até quatro meses. “Calculamos que, para uma casa de quatro pessoas, a economia com o chuveiro será de 25% a cada mês”, afirma.

Outra solução, desta vez para geração de energia, é o biogás a partir do soro do leite. A ideia do professor de metal-mecânica Keneth Philipy, 30 anos, de Açailândia, no Maranhão, é utilizar o gás para gerar energia elétrica ou térmica.

“Os laticínios desperdiçam dinheiro e energia, jogando fora o resíduo da produção de queijo. Além disso, poluem o meio ambiente. Com a utilização do biogás é possível economizar em até 30% na conta de luz. O investimento é de R$ 110 mil, e o retorno pode vir entre 3 e 5 anos”, garante.

O professor de metal-mecânica Keneth Phelipy explica que a geração de biogás a partir do soro do leite pode render créditos de carbono. Foto: Luiz Costa/ Hoje em Dia

Resíduo químico é transformado em fertilizante

Dentre as 50 ideias, há muitas relacionadas ao reaproveitamento de materiais e resíduos da indústria. Em Santa Catarina, a pesquisadora Rosaura Piccoli, 52 anos, e a engenheira química Joselane Ramos da Silva, 33 anos, desenvolveram um processo que aproveita os efluentes químicos da indústria têxtil para fabricar fertilizantes.

A pesquisadora Rosaura PIcoli e a engenheira química Joselane Ramos desenvolveram um processo que aproveita os efluentes químicos da indústria têxtil para fabricar fertilizantes. Foto: Luiz Costa/ Hoje em Dia

A proposta é simples: separar os resíduos tóxicos, como o fenol, que é cancerígeno, dos que podem ser utilizados como adubo, que são principalmente nitrogênio, fósforo e potássio.

“Só falta alguém investir. É economicamente viável. Um outro benefício é que conseguimos reduzir o impacto ambiental das empresas”, afirma Joselane.

Redução de impacto

Outra inovação que teve como princípio reduzir o impacto ambiental da indústria veio de Vila Velha, no Espírito Santo. A técnica em edificações Alana Reis, 21 anos, procurou uma solução para o pó de ardósia, resíduo tanto das empresas que extraem a pedra do meio ambiente, quanto das que realizam o beneficiamento.

A proposta era criar pavimentos intertravados. Mas faltava algum material para dar mais resistência e liga ao invento. Foi aí que a equipe pensou em utilizar também a escória de alto forno, que tem algumas características semelhantes ao cimento.

A técnica em edificações Alana Reis propõe a utilização de pó de ardósia para criar pavimentos intertravados. Foto: Luiz Costa/ Hoje em Dia

Com isso, é possível fazer os pisos mais baratos do que os que atualmente estão no mercado. Além disso, a resistência é ainda maior e, consequentemente, a durabilidade também.

No setor da construção civil, um grupo do Maranhão apresenta uma proposta de reutilização de sacos de cimento e copos de plástico, para criar placas que podem ser utilizadas como bancadas e pias.

Sistema garante ‘Ignição Segura’ para frotistas

Os altos índices de acidentes de trânsito no Brasil causados pela mistura entre álcool e direção podem estar com os dias contados. Uma invenção de um grupo de alunos de Itu, em São Paulo, propõe instalar um sistema com vários sensores no carro, além de um bafômetro. Se o motorista tentar enganar o sistema, o carro não liga.

“Não tem como outra pessoa soprar. Só pode ser o motorista”, explica Luiz Felipe Guelfi, 18 anos, um dos inventores. Ele explica que, além de impedir a direção perigosa, o sistema, chamado de “Ignição Segura”, também só permite que o carro seja ligado se os cintos de segurança dos passageiros a bordo estiverem afivelados.

Luiz Felipe Guelfi, um dos inventores do "Ignição Segura", mostra o sistema de segurança. Foto: Luiz Costa/ Hoje em Dia

Luiz sabe que, por enquanto, será difícil implantar o projeto em todos os carros do país. Por isso, eles já têm um público-alvo: as empresas que têm frota própria.

“Os equipamentos custam R$ 226 e vale muito à pena instalar para que não haja problemas com funcionários. Nós também achamos que pode ser um bom negócio para as locadoras de veículos”, explica.

Trânsito

Do Maranhão veio uma solução que pretende baratear o controle do tráfego nas grandes cidades. O Sistema de Sinalização Inteligente utiliza sensores nos cruzamentos, sem a necessidade de uma grande central, já que o software consegue organizar o trânsito sozinho.

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