Interferência indevida

12/09/2018 às 22:25.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:25

Já faz muito tempo que chamei a atenção dos leitores que 2016 havia sido um ponto fora da curva. Haveria “a volta dos que não foram”. Em 2018, o centro de gravidade do espectro político/ideológico brasileiro iria, outra vez, estacionar entre o centro e a esquerda.

Todas as principais pesquisas eleitorais - em particular, aquelas feitas pelos mais antigos e tradicionais institutos de pesquisa (Datafolha, IBOPE e Vox Populi) - indicam que um candidato de esquerda (Ciro Gomes ou Fernando Haddad, com chances maiores para este segundo, em função da transferência de votos do ex-presidente Lula) estará no segundo turno da eleição. Do outro lado, como previ também neste espaço (desde o ano passado), pela primeira vez após a redemocratização, é muito provável que a esquerda dispute o segundo turno das eleições com um candidato da extrema direita e, pela primeira vez em mais de duas décadas, o PSDB poderá não estar no segundo turno (contando que ganhou duas eleições já no primeiro turno).

O PT, embora corra algum risco de não ter seu candidato no segundo turno, se encontra em um momento muito diferente daquele dos tucanos. Primeiramente, tem aquele que é, de longe, o político mais popular do Brasil e que ganharia as eleições no primeiro turno, caso o estamento jurídico tupiniquim não tivesse decidido tornar o Estado brasileiro um pária internacional, ao se recusar a acatar tratados internacionais dos quais é signatário. Em segundo lugar, porque voltou a um patamar muito elevado de declaração espontânea de preferência do eleitor, superando todos os demais partidos somados. Finalmente, porque é provável que consiga eleger um maior número de governadores e de parlamentares do que tem hoje.

O PSDB, por outro lado, tudo indica que sairá menor dessas eleições. O seu visível enfraquecimento parece ter provocado o apetite de predadores. As últimas operações policiais no Paraná e no Mato Grosso do Sul contra importantes figuras do tucanato causam grande estranheza. Em particular, no primeiro caso, o processo se refere a questões bastante antigas. Seria, de fato, necessário fazer essas operações, agora? Não dava pra esperar umas poucas semanas? A impressão que fica é de uma interferência indevida no processo eleitoral.

Esse tipo de interferência tem ocorrido de forma corriqueira contra o PT. Agora, o estamento jurídico brasileiro parece ter voltado suas baterias contra o PSDB. Isso ocorre porque há hoje no país um caos jurídico e institucional. A total politização das instituições do sistema de justiça está nos levando a esta situação na qual os membros do estamento jurídico buscam influenciar diretamente as escolhas dos eleitores. Isso precisa acabar!

  

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